Revista Diálogo Educacional (Jun 2023)

A natureza em Goethe

  • Eldon Henrique Mühl,
  • Márcio Luiz Marangon

DOI
https://doi.org/10.7213/1981-416X.23.077.AO05
Journal volume & issue
Vol. 23, no. 77
pp. 886 – 898

Abstract

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A natureza exerce em Goethe uma função determinante na formação humana. O poeta alemão tem uma cosmovisão monista da realidade, considerando não existir matéria sem espírito e espírito sem matéria, opondo-se, portanto, à visão mecanicista, fragmentária e manipulativa expressa na visão cientificista da modernidade. A unidade entre natureza e espírito cumpre um papel nodal na sua teoria, pois parte da compreensão do mundo de uma forma abrangente e totalizadora. Em razão disso, a interação com a natureza não pode ser ignorada ou compreendida como uma ação manipulativa do sujeito sobre a mesma. O conhecimento nasce da inter-relação recíproca entre sujeito e natureza e a formação do ser humano depende do procedimento participativo que envolve a interação intensa e sensível com ela. Para tanto, o poeta afirma que é necessário desenvolver uma reflexibilidade criativa e crítica sobre a experiência em desenvolvimento. Considera que a Urform, a forma básica de que todas as coisas se originam, pertence à natureza, trazendo assim, uma importante e desafiadora contribuição para uma revisão da relação entre natureza e formação humana. O resgate da compreensão da natureza de Goethe implica em discutir o próprio conceito de ser humano que está implícito em seus estudos e em sua arte.