Brazilian Journal of Infectious Diseases (Oct 2023)
ANÁLISE DA RELAÇÃO ENTRE FATORES CLÍNICO-EPIDEMIOLÓGICOS E O DESENVOLVIMENTO DA TUBERCULOSE PULMONAR EM PACIENTES PROVENIENTES DE HOSPITAIS DE REFERÊNCIA DO ESTADO DE PERNAMBUCO
Abstract
Introdução/objetivo: A tuberculose (TB) se mantém como um grave problema de saúde pública. No ano de 2022, o Brasil registrou um total de 78.057 novos casos de tuberculose. Dentre esses casos, 5.149 foram reportados no estado de Pernambuco, sendo o quarto estado com maior incidência da doença. A identificação dos fatores de risco associados à doença é de extrema importância para diminuir as taxas de não-adesão ao tratamento e aumentar a efetividade dos programas nacionais, uma vez que não existem dados disponíveis no estado de Pernambuco. Dessa forma, o presente trabalho analisou o perfil clínico-epidemiológico de pacientes com suspeita clinica compatível com tuberculose, provenientes do SUS de Pernambuco. Metodologia: Este estudo foi realizado no Instituto Aggeu Magalhães (Fiocruz Pernambuco), em colaboração com unidades de saúde que são referência para o tratamento e diagnóstico da tuberculose no SUS de Pernambuco, tendo sido aprovado pelo comitê de ética em pesquisa da instituição principal (CAAE: 48498821.2.0000.5190). A população de estudo foi constituída por pacientes com suspeita de tuberculose pulmonar (N=164), que foram subdivididos nos grupos TB pulmonar (N=81) e indivíduos controle (N=83), após a definição diagnóstica. As informações foram armazenadas e analisadas utilizando o IBM SPSS Statistics, através do teste do χ 2. Resultados: Houve predomínio de indivíduos do gênero masculino no grupo TBP (69,14%) e no controle (55,42%). Não foi obtida diferença estatística (p = 0,15) entre as médias de idade do grupo TBP (40,06 anos) e controles (43,35 anos). Observou-se que a maioria dos indivíduos de ambos os grupos não eram tabagistas (93,90%), não apresentavam as comorbidades diabetes (93,02%) e hipertensão (95,73%), não reportaram casos de TB na família (76,83%) e apresentavam cicatriz da vacina BCG (67,68%). Não foi observada diferença estatística entre os grupos (p > 0,05). Entretanto, foi observada associação entre o alcoolismo e a TBP (p = 0,04), existindo um risco aumentado de desenvolvimento da forma ativa da doença em indivíduos alcoolistas (OR = 8,99; IC = 1,09 – 73,58). Conclusão: O alcoolismo apresentou associação com TBP na população estudada, existindo um risco 9 vezes maior de desenvolvimento da forma ativa da doença em indivíduos alcoolistas. Estudos científicos têm demonstrado que o consumo de álcool aumenta o risco de infecção e de desenvolvimento da TB, além de interferir negativamente no tratamento e no prognóstico dos pacientes