Iheringia: Série Zoologia (Jan 2010)
Dieta de juvenis de Trachinotus carolinus (Actinopterygii, Carangidae) em praias arenosas na costa do Rio de Janeiro Diet of juvenile Trachinotus carolinus (Actinopterygii, Carangidae) in sandy beaches on coast of Rio de Janeiro, Brazil
Abstract
Estudamos a dieta dos juvenis de Trachinotus carolinus (Linnaeus, 1766) em praias da Baía de Sepetiba (Rio de Janeiro, Brasil) entre janeiro de 2000 e abril de 2001. Procuramos avaliar a plasticidade trófica de peixes desta espécie ao longo de um gradiente espacial com diferentes níveis de exposição às ondas, sazonalidade, além de avaliar mudanças ontogenéticas na dieta. Os itens alimentares foram analisados através do índice de importância relativa (IIR), determinado pelos valores das frequências de ocorrência, de número e de peso. Os itens de maior importância foram do subfilo Crustacea, ordens Mysidacea, e o representante da ordem Decapoda Emerita brasiliensis (Schmitt, 1935), além de Cefalochordata, representado por Branchiostoma platae (Fitzinger, 1862). Na zona de maior exposição às ondas (praia de Barra de Guaratiba) e com substrato predominantemente arenoso, a dieta foi constituída principalmente por Emerita brasiliensis e Cirripedia, este último presente nos costões rochosos que limitam a praia; na zona de exposição intermediária (praia de Muriqui), houve um predomínio de Mysidacea e Branchiostoma platae; na zona mais protegida (praia de Itacuruçá), os itens de maior abundância foram Polychaeta, Mysidacea e Branchiostoma platae. Sazonalmente não ocorreu variação no uso de Mysidacea, enquanto Branchiostoma platae foi mais consumido durante o inverno, Polychaeta na primavera e Cirripedia e Emerita brasiliensis, no verão. Mysidacea foi o alimento predominante em todas as classes de tamanho, enquanto Polychaeta foi utilizado predominantemente por peixes menores que 20 mm de comprimento padrão e Emerita brasiliensis e Cirripedia foram consumidos principalmente por indivíduos maiores que 40 mm, somente na praia de maior exposição. O sucesso no uso de praias desprotegidas e zonas de arrebentação por esta espécie de peixe pode ser em parte devido à estratégia trófica oportunista, que utiliza uma ampla variedade de recursos disponíveis no ambiente.We studied the diet of juvenile Trachinotus carolinus (Linnaeus, 1766) in sandy beaches of Sepetiba Bay (Rio de Janeiro, Brazil), between January 2000 and April 2001. We tried to evaluate the trophic plasticity of fish this species along a spatial gradient of wave exposure, seasonality, besides to evaluate ontogenetic changes in the diet. The Index of Relative Importance (IRI) was used to measure the food items, determined by their frequency of occurrence, numbers and weights. The subphylum Crustacea, mainly the order Mysidacea, Decapoda Emerita brasiliensis (Schmitt, 1935) and Cephalochordata, represented by Branchiostoma platae (Fitzinger, 1862) were dominant in the diet. In the most exposed zone (Barra de Guaratiba beach) with predominant sandy substrate, the diet was comprised mainly by Emerita brasiliensis and Cirripedia, this later item common in rocky shores at the beach edge; in the intermediate exposed beach (Muriqui beach), Mysidacea and Branchiostoma platae; in the most protected beach (Itacuruçá beach), Polychaeta, Mysidacea and Branchiostoma platae was predominant. No seasonal change was recorded for the use of Mysidacea, while Branchiostoma platae was the more consumed during the winter, Polychaeta in spring, Cirripedia and Emerita brasiliensis, in summer. Mysidacea was the predominate food in all size classes, while Polychaeta was used predominantly by fish smaller than 20 mm standard length (SL) and Emerita brasiliensis and Cirripedia, were consumed mainly by larger individuals than 40 mm in the most exposed beach only. The success in use of surf zones and sand beaches by this fishes species, it can be partly, due the opportunist trophic strategy that uses a wide variety of available resources on environmental.
Keywords