Revista PerCursos (Jul 2014)

“A condição para quem nasce negra e mulher é ser doméstica?”: desigualdade entre mulheres brancas e negras no trabalho doméstico

  • Guélmer Júnior Almeida de Faria,
  • Maria da Luz Alves Ferreira,
  • Caroline Marci Fagundes Coutinho

DOI
https://doi.org/10.5965/1984724215282014354
Journal volume & issue
Vol. 15, no. 28

Abstract

Read online

O presente estudo pretende fazer algumas considerações sobre o trabalho doméstico e as desigualdades presentes nesta atividade, que atingem igualmente mulheres brancas e negras. Concatenam-se, para isto, um estudo exploratório com investimento bibliográfico e um estudo feito pelo IPEA sobre a situação atual das trabalhadoras domésticas no País ao longo da última década (1999-2009), com base em dados da Pnad/IBGE. O trabalho doméstico é subvalorizado, marcado pela invisibilidade, por situações de vulnerabilidade e informalidade. É inegável que, ao longo do tempo, esta atividade trouxe as velhas expressões de desigualdade experimentadas há anos por distinção de raça/cor. Conclui-se constituir uma atividade que há muito absorve a mão de obra feminina, majoritariamente de negras. Observou-se um aumento da ocupação em função da autodeclaração. Tem maior proporção junto às negras, condicionando sua participação e entrada no mercado de trabalho. Houve um aumento da escolaridade das trabalhadoras domésticas negras, mas ainda não conseguiram se equiparar às brancas, até por conta dessa inferioridade escolar. Percebeu-se um aumento da formalização quando se compara a proteção social via contribuição para a previdência. Na relação trabalho-previdência, condição para reconhecimento da profissão e até mesmo da valorização, as negras estão atrás das brancas. Palavras-chave: Estratificação social; raça/cor; Trabalho doméstico.