Hematology, Transfusion and Cell Therapy (Oct 2023)
TAXAS DE MORTALIDADE PRECOCE E SOBREVIDA GLOBAL EM PACIENTES COM LEUCEMIA AGUDA NO HOSPITAL UNIVERSITÁRIO DE BRASÍLIA
Abstract
Introdução: As leucemias agudas são neoplasias hematológicas que requerem tratamento imediato. São responsáveis por aproximadamente 20.000 diagnósticos de câncer e 10.000 mortes anualmente nos Estados Unidos e estão representadas principalmente pelas leucemias mieloides agudas (LMA), leucemias linfoides agudas (LLA) e leucemias agudas de linhagem ambígua. Objetivos: Descrever as taxas de mortalidade aos 30 dias e 60 dias e a sobrevida global (SG) dos pacientes diagnosticados com leucemia aguda no Serviço de Hematologia e Hemoterapia do HUB. Materiais e métodos: Estudo transversal, realizado a partir da avaliação dos diagnósticos de leucemias agudas realizados entre janeiro de 2019 e junho de 2023 no HUB. Foram analisados: data do diagnóstico, início do tratamento, último seguimento, óbito, idade, tipo de leucemia e resposta à indução de remissão em primeira linha. A análise estatística foi realizada utilizando Excel e software STATA. Resultados: Neste período, 59 pacientes foram diagnosticados com leucemia aguda, 7 foram excluídos (2 por diagnóstico post mortem com COVID-19 e necrose maciça de medula óssea e 5 por ainda não terem completado os primeiros 60 dias). A mediana de idade foi 46,7 anos (18 a 88 anos), 28,8% tinham mais de 60 anos. 31 pacientes (59,6%) eram LMA (não LPA), 7 (13,5%) eram Leucemia Promielocítica Aguda (LPA), 6 (11,5%) eram LLA B Ph-negativo (cromossomo Philadelphia), 2 (3,85%) eram LLA B Ph-positivo, 5 (9,6%) eram LLA T e 1 (1,9%) era leucemia de linhagem ambígua. Ocorreram 28 óbitos (53,8%). A principal causa de óbito nos primeiros 30 dias dos pacientes em tratamento foi infecção (63,6%). A mortalidade aos 30 dias do início do tratamento foi 22,4% e aos 60 dias, 28,6% (com exclusão de 3 pacientes que fizeram tratamento de suporte). Dos 11 óbitos aos 30 dias, que iniciaram tratamento, 63,6% foram por infecção. A mediana de SG foi de 12,2 meses (3,2 meses à não alcançada). A mediana de SG com “7+3”foi 10,9 meses. A mediana de SG com ARA-C subcutâneo foi não alcançada (3,7 meses a não alcançada). A mediana de SG com PETHEMA 2005 não foi alcançada. A mediana de SG com GMALL foi de 14,2 meses. A mediana de SG com GMALL + imatinibe não foi alcançada. Discussão: Um estudo realizado na Suíça, com pacientes com diagnóstico de LMA, mediana de idade de 67 anos (18 a 94 anos), encontrou mediana de SG de 6 meses e taxa de SG em 2 anos de 16%. É importante ressaltar que a LMA refratária primária pode ocorrer em 10% a 40% dos pacientes. Já no cenário brasileiro, um estudo com pacientes com LMA, mediana de idade de 54 anos (17 a 74 anos), encontrou mortalidade em 45 dias de 23,8%. Dentre os pacientes com LLA, um estudo brasileiro que avaliou pacientes tratados com protocolo GMALL (07/2003), com mediana de idade de 35 anos (16 a 71 anos), apresentou taxa de mortalidade precoce de 17% e encontrou mediana de SG de 17 meses. Conclusão: O presente estudo mostra que a prevalência de leucemias agudas e os desfechos encontrados no HUB são compatíveis com os dados da literatura. A mortalidade relacionada ao tratamento é um importante fator contribuidor para piores desfechos tanto na LMA quanto na LLA, particularmente em cenários de alto risco e de recaída. Mas é preciso tentar entender e diferenciar a proporção de eventos que estão relacionados ao tratamento e aqueles que acontecem em decorrência de progressão de doença/recaída.