ENSINO DA HISTÓRIA DA HEMATOLOGIA COMO ATIVIDADE DE LIGAS ACADÊMICAS PARA GRADUANDOS DE MEDICINA: RELATO DE EXPERIÊNCIA DE DUAS ESCOLAS MÉDICAS

Abstract

Objetivo: Relatar a percepção dos estudantes de Medicina, membros de ligas acadêmicas de Hematologia de duas escolas médicas do interior paulista, sobre os ensinamentos da história da medicina com foco na história do desenvolvimento da Hematologia. Material e métodos: Foi ministrada para os estudantes, membros de ligas acadêmicas de Hematologia de duas escolas médicas do interior paulista, uma palestra com a mesma profissional (médica hematologista docente de medicina), de uma hora de duração, em que se explanava a história da Hematologia e da Hemoterapia. Foi explicado a descoberta das células sanguíneas, do hemograma, das células tronco e de diversos tratamentos, como a terapia transfusional, a anticoagulação com varfarina, a descoberta da quimioterapia, do transplante da medula óssea e a descoberta de doenças como o linfoma e a leucemia. As histórias foram contadas de modo ao espectador compreender os motivos que levaram a busca pela ferramenta diagnóstica e/ou terapêutica e como o achado e o uso da mesma influenciou a era moderna e a prática clínica-científica. Os estudantes foram expostos, via slides, em reunião online, fotos de diversos documentos históricos e figuras médicas importantes para o desenvolvimento da especialidade, tais como Dorothy Reed, Karl Link, Karl Landsteiner e Sidney Farber. Ao término da aula, os presentes foram convidados voluntariamente (anonimamente, caso preferissem) a relatar se a experiência foi útil em sua formação. Resultados: Todos os participantes relataram que a aula fora proveitosa e que a experiência foi positiva. Os graduandos que já frequentaram a disciplina de Hematologia referiram que solidificaram conceitos já aprendidos e os mais jovens demonstraram interesse e desejo em continuar a participar das atividades de ensino das ligas pertencentes. Discussão: O ensino da história da Medicina é ferramenta pedagógica tradicional, entretanto, por motivos ainda pouco esclarecidos, vem se perdendo ao longo da modernização da graduação médica. A carga horária reduzida de determinadas disciplinas tem sido relacionado a uma diminuição de tempo para ofertar aulas de história médica aos graduandos. Desse modo, o uso de atividades extracurriculares, como ligas acadêmicas de especialidades de interesse, compõe um cenário atrativo para lecionar tal ciência. O ensino da história médica permite aos graduandos uma melhor compreensão de conceitos abstratos e muitas vezes pouco acessíveis durante a formação, além de propiciar ao estudante compreender a importância em que os mesmos se situam como potencial transformador do desenvolvimento de seu contexto clínico e social. Conclusão: Frente às percepções positivas de estudantes de diversos semestres da graduação médica em aprender fatos históricos da Hematologia, entende-se que o ensino da história médica serve como ferramenta valiosa em ofertar aos graduandos conceitos de ciência aplicados a humanos, ajudando-os a compreender que o papel do médico não se resume apenas ao de um clínico ou cientista, mas sim ao de uma figura inserida em um contexto social com diversas possibilidades de modificação. Nossa experiência positiva com essa metodologia de ensino nos leva a recomendar a continuidade do ensino da história médica, sempre que possível, em cada disciplina curricular, adotando a aprendizagem significativa, incutindo o interesse no estudante e compreendendo o papel do processo científico no desenvolvimento da saúde.