Hematology, Transfusion and Cell Therapy (Oct 2024)
PERFIL EPIDEMIOLÓGICO DAS INTERNAÇÕES POR LINFOMA NÃO-HODGKIN ENTRE 2013 E 2023 NO SUDESTE
Abstract
Objetivo: Descrever o perfil epidemiológico das internações por linfoma não-Hodgkin (LNH) na região Sudeste. Material e métodos: Refere-se à um estudo quantitativo, documental retrospectivo e descritivo, realizado a partir de informações referentes ao Perfil epidemiológico das internações por Linfoma não-Hodgkin diagnosticados no período de 2013-2023, disponíveis no banco de dados do Sistema de Informações Hospitalares do SUS (SIH/SUS), pelo CID 10. Nesta pesquisa foram utilizadas as variáveis: região, cor/raça, caráter de atendimento, faixa etária e sexo, sendo realizado um comparativo acerca do número de casos por ano na região sudeste do país. Resultados: As internações por linfoma não-Hodgkin, de 2013 a 2023, se concentraram na região Sudeste (48,45%), já o menor número foi na região Norte (3,39%) do país. No Sudeste, as internações mais prevalentes foram as das etnias branca (54,24%) e parda (31,54%). O número total de atendimentos cresceu progressivamente, exceto em 2020, tendo sido o ano com maior número de internações em 2023 (9,85%) e o menor em 2013 (7,35%). Ademais, as internações por caráter de atendimento em situação de urgência representaram 62,56% do total de atendimentos, sendo crescente e tendo seu ápice no ano de 2023 (9,88%). O grupo etário mais atendido varia, mas observa-se que as faixas de 50 a 59 anos e 60 a 69 anos têm números expressivos de atendimentos, sendo os valores 18,48% e 20,04% respectivamente. As faixas etárias mais jovens, < 1 ano (0,05%) e 1 a 4 anos (2,11%), apresentam números mais baixos. O total de internações masculinas foi 50.145 (58,50%) e o total de internações femininas foi 35.568 (41,50%), somando 85.713 internações no período de 2013 a 2023. Discussão: Os linfomas não-Hodgkin são neoplasias malignas originadas de mutações nas células linfoides progenitoras. A predominância de internações no Sudeste deve-se a maior densidade populacional, acesso a serviços de saúde especializados e maior capacidade de diagnóstico. O ano de 2020 mostra uma leve queda em comparação com anos anteriores, possivelmente devido ao impacto das restrições de saúde pública e ao redirecionamento de recursos de saúde para a COVID-19. A prevalência na etnia branca e parda sugere uma associação genética, ambiental e variação na resposta imunológica. A prevalência em homens pode ser explicada por diferença biológica e hábitos de vida que influenciam no desfecho. Internações em caráter de urgência representam uma maior parcela, indicando que a busca por atendimento ocorre quando há sintomas avançados da doença, devido à triagem inadequada ou pelo acometimento silencioso. Além disso, há uma relação direta entre a idade avançada e maiores internações por LNH, apontando a idade como fator de risco. Conclusão: Os LNH têm múltiplas apresentações de acordo com as células linfoides progenitoras afetadas e sofre crescente aumento no número de casos no Brasil, sendo o maior número em 2023 e o menor em 2020, devido à pandemia. Observa-se um predomínio da região Sudeste e da população branca e parda. Há também uma maior incidência em indivíduos de 50 a 69 anos e do sexo masculino. O aumento considerável nos atendimentos de urgência, não acompanhado pelas consultas eletivas, ressalta a necessidade de estratégias de saúde pública para a detecção precoce da doença, com objetivo de melhorar os desfechos clínicos e qualidade de vida.