Nos últimos anos, um número crescente de mulheres adia o seu projeto reprodutivo para idades mais avançadas, sendo por isso cada vez mais importante que se avalie a possibilidade e a segurança de tratamentos conservadores que preservem a fertilidade em pacientes jovens com carcinoma do endométrio. O tratamento recomendado para o carcinoma do endométrio é a histerectomia total com salpingo-ooforectomia, o que interfere, como é óbvio, na fertilidade da mulher, não sendo por isso recomendável em mulheres que pretendem preservar a sua função reprodutora. Em alternativa, o tratamento conservador pode ser uma opção de exceção em casos bem selecionados. Contudo, a decisão de efetuar tratamento conservador não está isenta de riscos, nomeadamente os riscos de estadiar e/ou tratar inadequadamente o carcinoma do endométrio e os riscos de não diagnosticar tumores ováricos síncronos ou metastáticos. Além disso, não há consenso quanto ao tratamento ideal por quanto tempo deve ser prolongado, como efetuar a vigilância destas doentes e qual o resultado oncológico a longo prazo. O caso presente, no conhecimento dos autores, é o primeiro documentado em Portugal de gravidez após tratamento conservador de carcinoma do endométrio, numa mulher jovem. Recebido: 02/05/2017 - Aceite: 04/09/2017