Brazilian Journal of Infectious Diseases (Oct 2023)
AVALIAÇÃO DO PERFIL DE RESISTÊNCIA DE ENTEROBACTÉRIAS PRODUTORAS DE AMPC NO HOSPITAL DE CLÍNICAS DE PORTO ALEGRE
Abstract
Introdução: A resistência bacteriana tem aumentado mundialmente pelo maior uso de antibióticos, terapias imunossupressoras e internações prolongadas, cenários frequentes após 2020, com a emergência da pandemia por Covid-19. Os gram-negativos, em especial as enterobactérias, apresentam taxas elevadas de resistência antimicrobiana principalmente pela produção de enzimas beta-lactamases. O objetivo geral é descrever o perfil epidemiológico das enterobactérias cujo a expressão de ampC é clinicamente mais relevante: Enterobacter cloacae, Klebsiella aerogenes e Citrobacter freundii. Métodos: Estudo epidemiológico transversal, analisadas amostras clínicas (sangue,urina,secreção,outros) de pacientes internados no HCPA, que isolaram enterobactérias produtoras de ampC e betalactamases, no período de 01/01/2016 a 31/12/2022. Desfecho primário: taxa de resistência a carbapenêmicos em bactérias intrinsecamente produtoras de ampC. Desfecho secundário: taxas de resistência a polimixina, meropenem e cefalosporinas de 4ª geração. Resultados: 852 isolados bacterianos foram identificados entre os anos de 2016 a 2022. A bactéria mais frequentemente isolada foi Klebsiella aerogenes (506 amostras - 59,4%); seguida da Citrobacter freundii (296 - 34,7%) e Enterobacter cloacae (50- 5,9%). O material de isolamento mais comum foram as uroculturas (49,5%); seguido de material do trato respiratório (21,2%); hemoculturas (8,3%). Klebsiella aerogenes foi a bactéria mais isolada em material do trato respiratório (80,7%) e uroculturas (64,2%). O ano de 2020 e 2021 foram os que mais se isolaram as enterobactérias com ampC cromossomal, 46,1% do total de amostras em 6 anos. Do total da amostra (852), 153 resistentes à cefalosporinas de 4ª geração, 38 resistentes a meropenem e 5 bactérias isoladas foram resistentes à polimixina. Todas as bactérias resistentes à polimixina foram identificadas como Klebsiella aerogenes, e foram isoladas no ano de 2020 (1 isolado) e 2022 (4 isolados). Em 2020 foi o ano com maior número de isolados resistentes a cefalosporinas de 4ª geração em relação ao ano de isolamento. Enterobacter cloacae foi a bactéria com maior resistência a cefalosporinas de 4ª geração (32,7%), seguida por Citrobacter freundii (26%) e Klebsiella aerogenes (11,9%). A resistência ao meropenem foi maior no ano de 2022. Conclusão: houve um aumento estatisticamente significativo dos casos de bactérias produtoras de ampC resistente a cefalosporinas de 4ª geração, a meropenem e as polimixinas.