Hematology, Transfusion and Cell Therapy (Oct 2023)

ANEMIA FERROPRIVA NO RIO DE JANEIRO: DESAFIOS NA DISPONIBILIDADE DE BOLSAS DE SANGUE E IMPACTOS NA SAÚDE PÚBLICA (2018-2022)

  • ALM Brito,
  • JPMRJ Silva,
  • JM Ganem,
  • ICR Diogo,
  • PGLB Borges,
  • JPR Oliveira,
  • JVFA Cordeiro,
  • MEDDSPE Silva

Journal volume & issue
Vol. 45
pp. S899 – S900

Abstract

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Introdução e objetivos: A anemia ferropriva é a mais comum dentre as anemias, responsável por 90% dos casos no Brasil segundo o Ministério da Saúde, e atinge principalmente crianças e mulheres em idade fértil. Pacientes graves podem se tornar hemodinamicamente instáveis e necessitar de transfusão de hemácias, implicando na importância da disponibilidade de bolsas de sangue. O objetivo desta pesquisa é analisar os registros de bolsas de sangue coletadas no estado do Rio de Janeiro entre 2018 e 2022, além dos dados de internações e mortalidade por anemia ferropriva, e comparar seus valores. Materiais e métodos: Estudo descritivo de série temporal de 2018 a 2022 feito a partir de dados do Sistema de Informação Ambulatorial do SUS (SIA/SUS), do Departamento de Informática do Sistema Único de Saúde (DATASUS) e no Sistema de Informação de Produção Hemoterápica (HEMOPROD). Foram coletados os dados sobre internações e mortalidade por anemia ferropriva no Rio de Janeiro, assim como a quantidade de bolsas de sangue coletadas na Hemorrede do estado. Resultados: Quanto às internações, o Rio de Janeiro, registrou 6.957 em 2018, 7.721 em 2019, 6.425 em 2020, 6.838 em 2021 e 8.950 em 2022, tendo um aumento de 28,65% nesse período. A mortalidade apresentada foi de 6.674 em 2018, 7.363 em 2019, 6.023 em 2020, 6.282 em 2021 e 8.200 em 2022, apresentando 22,86% de crescimento. Já nas doações de sangue, o aumento foi de 8,57%, com valores de 279.101 em 2018, 308.678 em 2019, 267.031 em 2020, 300.162 em 2021 e 303.027 em 2022. Discussão: As internações e mortes por anemia ferropriva no Rio de Janeiro exibiram grande aumento entre 2018 e 2022, indicando uma maior demanda por bolsas de sangue. Essa necessidade crescente demonstra que é imprescindível o engajamento da população com a doação de sangue, sendo a transfusão de hemácias em pacientes com anemia ferropriva apenas uma das utilidades das bolsas coletadas. Contudo, a quantidade de coletas no mesmo período apresentou um crescimento menor, preocupante para pacientes com essa carência – seria a indisponibilidade de bolsas de sangue uma das razões para a elevação na mortalidade? Conclusão: A anemia ferropriva se apresenta de forma cada vez mais grave no Rio de Janeiro, implicando na elevação das internações e mortes por essa causa, e aumentando a demanda por bolsas de sangue para o tratamento de alguns casos. Todavia, as coletas da Hemorrede realizadas no mesmo período não acompanharam esse crescimento, sinalizando uma possível piora na disponibilidade de tratamento e um agravamento na mortalidade pela doença. Assim, se fazem necessárias ações de encorajamento da população ao hábito da doação de sangue, além de outras pesquisas acerca da relação entre a oferta e a demanda de bolsas de sangue para os pacientes de anemia ferropriva.