Hematology, Transfusion and Cell Therapy (Oct 2023)
ESTUDO TRANSVERSAL DE DADOS ASSOCIADOS À INFECÇÃO PELO VÍRUS DA DENGUE COM CORRELAÇÃO ENTRE A POSITIVIDADE SOROLÓGICA E AS ALTERAÇÕES IDENTIFICADAS EM HEMOGRAMA
Abstract
Introdução: A dengue, é a arbovirose urbana mais prevalente das Américas, principalmente no Brasil, tem como vetor a fêmea do mosquito da espécie Aedes aegypti e, em menor escala, da espécie Aedes albopictus. Segundo o Ministério da Saúde, no período de janeiro a abril de 2023, compreendendo o território brasileiro, os números de registros foram de 899 mil casos de dengue. É uma doença infecciosa febril aguda causada por um vírus pertecente a famélia Flaviviridae, do gênero Flavírus. O vírus da dengue apresenta quatro sorotipos, em geral denominados DENV-1, DENV-2, DENV-3 e DENV-4. A doença pode ser assintomática ou pode evoluir para quadros mais graves, como hemorragia e choque. A dengue clássica apresenta sintomas que incluem febre, dor de cabeça, dores pelo corpo e náuseas. O aparecimento de manchas vermelhas na pele, sangramentos nas mucosas (gengiva e nariz), dor abdominal intensa e vômitos persistentes, podem indicar um sinal de alarme para a dengue hemorrágica. Possui a transmissão intensificada em períodos de maior precipitação e o diagnóstico precoce é fundamental. O diagnóstico laboratorial pode ser realizado por vários métodos, como o teste sorológico de pesquisa de IgM e o monitoramento por meio de observações hematológicas decorrentes da infecção. Anticorpos de pesquisa da dengue da classe IgM, com o início da sintomatologia correspondente, podem ser encontrados à partir do sexto dia e, em infecções secundárias, os anticorpos podem ser detectados em pesquisa após dois ou três dias, mantendo-se reagente por três meses. O exame de hemograma, que analisa informações específicas, sobre os tipos e quantidades dos componetes sanguíneos (leucócitos, hemácias e plaquetas), é de extrema importância para acompanhamento da evolução da doença e, em pacientes sob infecção de dengue, apresenta alterações comuns como a leucopenia, a trombocitopenia, a hemoconcentração e alterações leucocitárias (presença de linfócitos reativos e de neutrófilos bastonetes). Objetivo: O objetivo deste estudo foi correlacionar quantitativamente a sorologia reagente de dengue IgM às principais alterações, secundárias à infecção, observadas em hemograma. Resultados: Os dados de exames de detecção de anticorpos dengue IgM e de hemogramas deste trabalho foram coletados a partir de bancos de dados internos de laboratório privado. O grupo alvo analisado foi composto por 100 pacientes positivados por exame sorológico para dengue, com hemograma em pedido médico, no período de abril a maio de 2023. Nas análises foram considerados os valores de referência de liberação (VRL) descritos em laudos internos, sendo eles: leucopenia (1.10). Discussão: Avaliando a detecção reagente de anticorpos IgM para a dengue associada à avaliação de hemograma dos 100 pacientes (58 mulheres e 42 homens entre 9 meses a 81 anos de idade), as principais alterações observadas foram a leucopenia (54%), considerando VRL= <4.000/mm3, a trombocitopenia (42%), sendo VRL= <150.000/mm3, a presença de linfócitos reativos (68%) e a presença de neutrófilos bastonetes (34%). Conclusão: A associação de medidas preventivas é imprescindível em termos de tratamento adequado de infectados. O diagnóstico precoce e diferencial da dengue, o monitoramento de quadro clínico, como a avaliação dos parâmetros e identificação das alterações observadas em hemograma e análise de positividade de anticorpos da classe IgM são essenciais, pois conferem auxílio visando uma conduta médica adequada, impactando diretamente em um bom prognóstico e na redução da morbimortalidade.