Brazilian Journal of Veterinary Medicine (Dec 2016)

Qualidade de frangos de corte infectados com Mycoplasma gallinarum isoladamente ou em combinação com o vírus vacinal da Bronquite Infecciosa das Galinhas

  • Cátia Cardoso da Silva

Journal volume & issue
Vol. 38, no. 4
pp. 420 – 430

Abstract

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RESUMO. da Silva C.C., dos Santos F.F., Faria T.S., José D.S., Tortelly R., Abreu D.L. da C., do Nascimento E.R., Machado L. dos S., Soares M.V. & Pereira V.L.A. [Quality of broilers infected with autochthonous MGA strain, alone or in combination with Infectious Bronchitis Virus (IBV) vaccine.] Qualidade de frangos de corte infectados com Mycoplasma gallinarum isoladamente ou em combinação com o vírus vacinal da Bronquite Infecciosa das Galinhas. Revista Brasileira de Medicina Veterinária, 38(4):420-430, 2016. Departamento de Saúde Coletiva, Faculdade de Veterinária, Universidade Federal Fluminense, Rua Vital Brazil Filho, 64, Niterói, RJ 24230-340, Brasil. E-mail: [email protected] A avicultura brasileira é considerada a maior do mundo em exportação e a terceira em produção de carne de frango. Os avanços no manejo, genética e biosseguridade contribuíram para o aumento da produtividade no setor avícola, mas a acentuada produção elevou o risco de disseminação de doenças respiratórias, como as micoplasmoses aviárias e a Bronquite Infecciosa das Galinhas. Mycoplasma gallisepticum (MG), Mycoplasma synoviae (MS) e Mycoplasma meleagridis (MM) são patógenos indiscutíveis e de preocupação para a Indústria Avícola, entretanto Mycoplasma gallinarum (MGA) tem sido considerado comensal. O objetivo deste estudo foi avaliar a qualidade de frangos de corte infectados com cepa autóctone de MGA isoladamente ou em combinação com o vírus vacinal (cepa H120) da Bronquite Infecciosa das Galinhas (BIG). Foram criados 96 pintos de corte desde um dia de idade da linhagem Cobb, livres de micoplasmas. Foram utilizados quatro grupos de 24 frangos, mantidos em unidades isoladoras: Grupo 1 (G1), não infectados, nem vacinados; Grupo 2 (G2), infectados com cepa autóctone de MGA; Grupo 3 (G3), vacinados contra BIG com vacina comercial cepa H120 (Bio-bronk-vet®, Biovet,SP), Grupo 4 (G4), infectados com cepa autóctone de MGA e vacinados contra BIG. A infecção por MGA foi monitorada pela PCR e a vacinação contra BIG, confirmada pela RT-PCR. Foi feito o registro do consumo de ração pelo período do experimento. Semanalmente foram retirados aleatoriamente quatro frangos de cada grupo, pesados individualmente e submetidos à coleta de sangue e à necropsia para a obtenção de amostras para análises laboratoriais. Foram coletados fragmentos de traqueia, pulmão, sacos aéreos, fígado, coração, musculatura do peito, rins e trato digestivo, acondicionados em formol a 10% para histopatologia. As amostras de raspado de traqueias foram reunidas em “pools” por grupo e submetidas à detecção de MGA, MG, MS por isolamento e pela PCR e de vírus da BIG pela RT-PCR. As amostras de soros, obtidas a partir do sangue, foram submetidas ao ELISA para MG, MS e BIG. O ganho de peso diário foi calculado a partir do peso médio obtido dividido pelo número de dias de idade dos frangos. O consumo de ração entre os grupos estudados foi similar até aos 42 dias de idade. As diferenças para peso médio final e ganho de peso entre os grupos estudados não foram significativas (ANOVA, p>0,05). Todas as amostras foram negativas para micoplasmas ao isolamento. À PCR todas as amostras analisadas foram negativas para MG e MS. Já para MGA as amostras foram positivas em G2 (no 35º dia de idade) e em G4 (14º, 35º, e 42º dias de idade) e negativas, em G1 e G3. À RT-PCR, as amostras foram positivas nos grupos vacinados contra BIG, em G3 no sétimo e no 42º dia de idade e em G4, no sétimo, 14º, 35º e 42º dias de idade. Ao ELISA, todos os grupos foram negativos para MG e MS e para BIG obtiveram títulos nas análises de primeiro dia, creditados a anticorpos maternos, decrescendo no sétimo dia e negativos a partir do 14º dia de idade em todos os grupos. À necropsia, em G1 e G3 não foram observadas lesões dignas de nota. Nos demais grupos foram observados ascite, exsudato catarral na traqueia, aerossaculite, hidropericárdio, pneumonia, sinovite, e miopatia peitoral em número variável de aves entre os grupos e de acordo com as idades estudadas. As diferenças nas frequências de lesões macroscópicas entre os grupos foram significativas (Teste Mann-Whitney, p<0,05). Ao exame histopatológico, nas aves de G2, foi observada pneumonia, com nódulos múltiplos peribronquiais de característica linfóide e diâmetros variáveis e em G4, foram observados miodegeneração vacuolar acompanhada de atrofia e necrose muscular do peito e reação inflamatória focal associada à necrose no pulmão. O MGA isoladamente não se mostrou capaz de provocar doença aparente nos frangos de corte infectados, embora tivesse produzido lesões pulmonares na etapa final de criação e quando associado à vacina contra a BIG houve o aparecimento de lesões passíveis de condenação que podem comprometer a qualidade dos frangos de corte ao abate.

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