Hematology, Transfusion and Cell Therapy (Oct 2023)

PREVALÊNCIA DE INFECÇÃO SIFILÍTICA ENTRE DOADORES DE SANGUE NO HEMOCENTRO DO HOSPITAL DAS CLÍNICAS DE BOTUCATU

  • MO Alvarenga,
  • CFR Rossetto,
  • PC Garcia-Bonichini,
  • AB Castro,
  • CL Miranda,
  • FA Oliveira

Journal volume & issue
Vol. 45
pp. S705 – S706

Abstract

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Objetivos: Estudo transversal observacional que propôs avaliar a prevalência de casos de sífilis entre doadores de sangue no Hemocentro do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina de Botucatu. Materiais e métodos: Resultados de exames nos testes treponêmicos e não treponêmicos em amostras de doadores foram coletados retrospectivamente em registros internos do laboratório de sorologia entre os anos de 2017 a 2022. A soropositividade para sífilis foi constatada quando resultado positivo presente na triagem com quimioluminescência (CMIA), seguida da positividade em teste complementar não treponêmico (VDRL) ou de teste treponêmico de outra metodologia (FTA-Abs). Com os resultados obtidos, as amostras foram hipoteticamente categorizadas em relação ao estágio infeccioso da sífilis baseado exclusivamente nos resultados laboratoriais, conforme disposto em literatura. Amostras com ausência ou inconsistência de registro foram excluídas do estudo. Resultados: Foram analisados ao todo 85.964 exames sorológicos para sífilis entre os anos de 2017 a 2022, com 35 amostras descartadas do estudo por falta de resultado devidamente registrado. Do total de amostras, 645 (0,75%) mostraram-se reagentes para a triagem com quimiluminescência, contemplando 89 amostras classificadas como “Sífilis em atividade”(CMIA+, VDRL>1/8), 326 como “Provável infecção precoce, tratada ou latente”(CMIA+, VDRL≤1/8 ou CMIA+, VDRL- e FTA-Abs+), 206 como resultado “Falso positivo ou sífilis primária recente”(CMIA+, VDRL- e FTA-Abs-) e 23 como “Resultado inconclusivo”após realização de testagem complementar. A prevalência anual para reatividade sorológica para a sífilis entre os doadores nos anos de 2017, 2018, 2019, 2020, 2021 e 2022 foram de 1,11%, 0,75%, 0,66%, 0,59%, 0,65% e 0,74%, respectivamente. Discussão: Na população doadora de sangue, a prevalência da sífilis, assim como encontrado no presente estudo, varia para menos de 1% segundo dados da literatura, como consequência direta da efetividade na triagem clinica e seleção de doadores. Esse índice não variou de forma significativa entre os anos avaliados, a não ser no ano de 2017, na qual a prevalência de 1,11% foi impactada pela maior taxa de resultados falso-positivos e inconclusivos encontrados no respectivo período, que também podem ser representativas de casos em atividade, devendo ser lidados com cautela até conclusão clínica com avaliação médica. Mesmo que essa prevalência manteve-se baixa, esse dado também reflete o descarte de bolsas de sangue total que é realizado por sorologia reagente em casos novos e antigos de infecção sifilítica, que comprometem diretamente os estoques de hemocomponentes e deve ser interpretado como problemático, independentemente. Conclusão: Nos últimos anos, a sífilis vem sendo destacada como uma epidemia crescente em todo o Brasil, ainda subnotificada. Entre doadores de sangue, essa prevalência é baixa, viso que a triagem de doadores se porta como um importante instrumento na detecção e encaminhamento ambulatorial de casos diagnosticados, além da garantia de segurança transfusional, ao bloquear a doação em casos de histórico ou prática de risco. Além da testagem eficaz, a educação continuada entre equipe técnica-responsável e a população doadora também é uma estratégia de conscientização que estimula a diminuição de casos prevalentes e recorrentes dentro deste cenário.