Brazilian Journal of Infectious Diseases (Oct 2023)

PERFIL DE INFECÇÃO POR S. AUREUS EM PACIENTES INTERNADOS EM INSTITUTO DE REFERÊNCIA PARA INFECTOLOGIA, COM FOCO NAS PESSOAS VIVENDO COM HIV

  • Narendra Babu Valobdás,
  • Cristiane da Cruz Lamas,
  • Roxana Flores Mamani,
  • Marcelo Ribeiro Alves,
  • Erica Aparecida dos Santos Ribeiro da Silva,
  • Maria Cristina da Silva Lourenço,
  • Thaisa Leocornyl,
  • Beatriz Coelho,
  • Sandra Wagner Cardoso

Journal volume & issue
Vol. 27
p. 103037

Abstract

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Introdução: A infecção por S. aureus está associada a alta morbi-mortalidade. Métodos: Estudo de coorte retrospectivo descrevendo infecção grave por S.aureus em pacientes internados de 2016 a 2021. Realizada busca nos registros de microbiologia e revisão de prontuários para coleta de dados. Análise estatística com R 4.0.1 Resultados: Foram incluídos 67 pacientes, que apresentavam os seguintes sítios de infecção: 29 (43.3%) bacteremia e 38 infecções em outros sítios (lesão cutânea, pulmonar e outros). Eram homens 37 (55,2%); 69.4% negros, com idade mediana de 46 anos (IIQ = 31). As comorbidades mais frequentes em pessoas com infecção por S.aureus foram: Diabetes Mellitus (DM 17.9%), Hipertensão (13.4%), Doença Renal Crônica (DRC 11.9%), Câncer Recente (isto é, nos últimos 6 meses (CA 7.5%), Dermatopatia crônica (9%), e HTLV (9%), e pessoas vivendo com HIV/AIDS (PVHIV) 31(46,3%). Os PVHIV eram mais jovens que os não portadores do vírus (36 vs 60 anos, p < 0,001). A mediana do CD4 foi de 95 células/mm3, e 25/31 (75.8%) das PVHIV estavam em uso de terapia antirretroviral (TARV). Identificou- se que nos PVHIV, 7 (22%) já apresentavam-se colonizados por MRSA na admissão e que 20 (64%) PVHIV tinha infecção comunitária por S.aureus. Nos PVHIV afigurou- se uma prevalência de 38.7% de infecções por MRSA e destes, 100% era sensível a sulfametoxazol-trimetoprima (SXT), à doxiciclina e à linezolida; e 90% a clindamicina, mostrando-se fenotipicamente com padrão de MRSA comunitário. Internação em CTI ocorreu em 32.3% das PVHIV vs 50% (p = 0.22) dos soronegativos, e cerca de 1/3 das PVHIV e das soronegativas necessitou de suporte ventilatório de aminas e de HD. Registrou-se 25.8% de óbitos em 30 dias para os PVHIV vs 20% naqueles soronegativos para HIV (p = 0.789). Conclusão: Nosso estudo mostrou alta taxa de colonização por MRSA (38.7%) em PVHIV com infecção grave por S.aureus, maior que a descrita na população geral sem infecção por S.aureus (0.3% a 1.3%) e nos profissionais de saúde (1.3 a 2.3%). As comorbidades na população geral do estudo se assemelha àquelas descritas em outros estudos, como HIV, DM, Ca recente e condições que predispõem quebra de integridade cutânea – DRC. Observamos uma população mais jovem com S.aureus e HIV comparando com os soronegativos. Em consonância com a literatura, que coloca CD4<200 como um fator de risco para infecções estafilocóciccas, a mediana do CD4 foi de 95 nas PVHIV. Não houve diferença de desfechos graves entre PVHIV e os demais.

Keywords