PROA: Revista de Antropologia e Arte (Jul 2019)
“Aqui eu quero puta, místico, freira, ateu, comunista”: entrevista com Carlos Rodrigues Brandão
Abstract
Carlos Rodrigues Brandão é antropólogo, mas também psicólogo. Com ampla trajetória acadêmica, a lista de universidades do Brasil e do exterior às quais esteve e está vinculado é vasta o suficiente para inibir nossa tentativa de reproduzi-la. Mas, aparentemente, foi na Universidade Estadual de Campinas que construiu a maior parte de sua trajetória, ainda inacabada, afinal, continua produzindo. Referência obrigatória para os estudiosos, principalmente do mundo rural e da Educação, Brandão escreveu livros que enveredam para além da Antropologia, versam sobre temas ligados à Arte, ao Meio Ambiente e à Literatura, inclusive a infantil. O Humano com toda sua potência de vida múltipla é matéria de pensamento do autor, como fica evidente no curso livre e aberto que, atualmente, coordena em seu sítio em Caldas, no Sul Mineiro. Nas palavras dele, um curso que é um “encontro entre pessoas sobre o mistério da pessoa”. Na biblioteca da casa central da Rosa dos Ventos – o sítio, um lugar de hospedagem e reflexão – ele concedeu essa entrevista um dia após uma sessão acerca do “mistério da pessoa”, no dia 3 de fevereiro de 2019. Por meio dessa conversa generosa, Brandão deixa evidenciar como a sua trajetória cruza-se às de artistas, intelectuais, ambientalistas, enfim, de toda sua gente amiga. A própria história da cidade mineira já não pode ser inteiramente contada sem o percurso biográfico e profissional do professor emérito da Unicamp. Afinal, suas andanças, como viajante – um “aventureiro”, como se definiria – ou pesquisador, criaram laços com variadas pessoas a tal ponto que foram reencontrá-lo no interior de Minas Gerais. O resultado ainda tem sido o estabelecimento de uma intelectualidade em Caldas, conforme ele mesmo conta. Sem dúvida, esse processo não deixou de trazer consequências também para a sua própria produção e vida e para as de outros, como de jovens e experientes artistas e estudiosos que circularam e moram na região, bem como para a movimentação política que fora e é praticada por aqueles que se iniciaram ali, ficando na Rosa dos Ventos.