Revista Portuguesa de Investigação Comportamental e Social (Feb 2016)

Rede social pessoal de jovens acolhidos em Lares de Infância e Juventude

  • Sandrine Dias,
  • Joana Sequeira,
  • Sónia Guadalupe

DOI
https://doi.org/10.7342/ismt.rpics.2016.2.1.25
Journal volume & issue
Vol. 2, no. 1
pp. 25 – 37

Abstract

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// // Objetivos: A rede social pessoal tem sido considerada um fator de proteção importante para lidar com a adversidade. Este estudo pretende caracterizar as redes sociais pessoais de jovens em regime de acolhimento prolongado, comparando os resultados segundo o sexo. Métodos: Participaram neste estudo 84 jovens, 49 raparigas e 35 rapazes, com idades entre os 12 e os 20 anos (M ± DP = 15,26 ± 2,17), acolhidos em 6 Lares de Infância e Juventude do distrito de Santarém (Portugal), tendo sido avaliados com o Instrumento de Análise da Rede Social Pessoal para caracterizar as dimensões estrutural, funcional e relacional-contextual das redes. Resultados: As redes dos jovens em situação de acolhimento residencial são constituídas, em média, por 12 elementos, são fragmentadas, diversificadas e predominantemente compostas por familiares. O nível de apoio social percebido é elevado, especialmente na função emocional e informativa, registando-se uma elevada satisfação com o suporte social. A frequência de contactos com os membros da rede associa-se à distância geográfica. Quanto à análise segundo o sexo, os rapazes apresentam redes ligeiramente maiores e valorizam mais as relações familiares que as raparigas (p < 0,05). As raparigas identificam mais elementos de famílias amigas (p < 0,05), tendem a identificar redes mais diversificadas e mais densas, assim como percebem as relações como sendo mais simétricas (p < 0,05). As raparigas identificam redes maioritariamente femininas e os rapazes tendencialmente masculinas (p < 0,01). Os rapazes percebem maiores níveis de apoio informativo (p = 0,031), companhia social (p = 0,040) e acesso a novos contactos (p = 0,001). Conclusões: Este estudo confirma a importância da família para os jovens em regime de acolhimento, apesar da distância, da frequência de contactos e dos motivos subjacentes ao acolhimento. Estas conclusões remetem-nos para a importância de perceber a perspetiva dos próprios jovens sobre as suas relações interpessoais, de forma a potenciar o suporte social informal e a planificar um processo de autonomização sustentado.

Keywords