Hematology, Transfusion and Cell Therapy (Oct 2024)

INCIDÊNCIA DE REAÇÕES TRANSFUSIONAIS EM CÃES EM HOSPITAL VETERINÁRIO UNIVERSITÁRIO – ESTUDO RETROSPECTIVO

  • AP Serafim,
  • HS Ramos,
  • PE Luz,
  • K Zanetti,
  • KK Sarto,
  • JC Souza,
  • MEL Oliveira,
  • PM Pereira

Journal volume & issue
Vol. 46
p. S839

Abstract

Read online

Introdução: Diversas doenças em cães causam anemias que requer transfusão sanguínea, podendo causar reações transfusionais. Objetivo: O presente estudo avaliou o número e classificou as reações transfusionais ocorridas em cães que receberam concentrado de hemácias durante o período de janeiro/2022 a junho/2024 em um Hospital Veterinário Universitário. Material e métodos: Foram analisadas de forma retrospectiva 260 fichas de acompanhamento de transfusões de concentrado de hemácias em cães. Dois pacientes foram retirados do estudo pois vieram a óbito no início da transfusão por complicações da doença de base, sendo descartada a possibilidade de reação transfusional. Os pacientes incluídos no estudo receberam bolsas de concentrado de hemácias em taxas que correspondem ao seu quadro clínico, idade e doença e foram acompanhados durante todo o procedimento. As transfusões só ocorreram após verificar a compatibilidade do sangue do doador e receptor, para assim evitar ao máximo reações hemolíticas agudas. Parâmetros clínicos como frequência cardíaca e respiratória, ausculta cárdio-respiratória, temperatura, coloração de mucosa, tempo de preenchimento capilar e outras avaliações clínicas, quando necessárias, eram aferidas/avaliadas antes do início, a cada 15 minutos na primeira hora e a cada 30 minutos até o término da transfusão e após a sua finalização. Após coleta dos dados foi realizado análise descritiva utilizando médias para quantificar a porcentagem de reações transfusionais. Resultados: Neste período o Projeto Vida – Medicina Transfusional, realizou 260 transfusões de concentrado de hemácias em cães, sem distinção de idade, raça, sexo e peso corpóreo. Das 258 transfusões incluídas no estudo, 13 cães (5,03%) apresentaram alterações clínicas compatíveis com reação transfusional e o procedimento foi interrompido e o paciente tratado. Nenhum dos animais veio à óbito. As reações transfusionais diagnosticadas foram: 2,32% (6/258) sobrecarga circulatória (TACO), 2,32% (6/258) reação febril não hemolítica por exclusão de outras causas como contaminação bacteriana e reação imunomediada hemolítica aguda e 0,38% (1/258) hipotensão. Discussão: Transfusão sanguínea salva vidas, mas tem riscos. Como acontece em humanos, em animais as reações transfusionais também têm sido diagnosticadas, porém pouco são os estudos sobre sua incidência e não há um sistema próprio para registro destas reações. Um levantamento realizado em 2009 no mesmo Hospital Veterinário Universitário com o uso ainda de sangue total registrou 15% de reações transfusionais em sua maioria reação imunomediada não hemolítica (alérgica), o que após 2009 com a separação dos componentes sanguíneos estas taxas diminuíram e neste presente estudo apenas 5,03% das transfusões apresentaram intercorrência. Outros estudos mostram resultados variáveis dependendo da reação transfusional como: sobrecarga circulatória de 4,7%, reação febril não hemolítica 1,3 a 24,2% e hipotensão 0,9%. Os resultados deste presente estudo demonstram que a incidência de reações transfusionais está com índices melhores do que os apresentados na literatura. Conclusão: O uso e controle de hemocomponentes, testes de compatibilidade pré-transfusionais, o acompanhamento do paciente durante o procedimento e o reconhecimento das reações transfusionais são condutas que diminuem o risco transfusional e aumentam a segurança da transfusão sanguínea em cães.