Hematology, Transfusion and Cell Therapy (Oct 2023)

REAÇÃO ALÉRGICA TIPO ANAFILÁTICA GRAVE ASSOCIADA A ÓBITO – RELATO DE CASO

  • MC Costa,
  • MECS Correia

Journal volume & issue
Vol. 45
pp. S778 – S779

Abstract

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Objetivo: Descrição de caso de ocorrência de choque anafilático associado a transfusão com evolução fatal. Materiais e métodos: Análise de caso com revisão de prontuário e descrição da reação adversa no Sistema de Notificações para Vigilância Sanitária – NOTIVISA. Resultados: Masculino, pardo, 83 anos, internado por Trombose Arterial Aguda de membro inferior para desobstrução cirúrgica, apresentou piora da função renal necessitando de tratamento com Hemodiálise (HD) após uso de contraste durante procedimento. Verificada queda progressiva de contagem de plaquetas desde a data da internação. Na unidade clínica foi descrito pequeno sangramento pelo óstio do cateter de HD, sem repercussão hemodinâmica. Solicitada hemotransfusão de plaquetas filtradas (de acordo com peso), resultado de contagem de plaquetas de 30.000 mm3. Iniciada a transfusão de 1 unidade de plaquetas por aférese no período noturno e após 5 minutos do início da transfusão queixou-se de prurido na face, neste momento com sinais vitais estáveis. A transfusão interrompida, acionado equipe médica do plantão. Paciente evoluiu em poucos minutos para Insuficiência Respiratória seguida de Parada Cardiorrespiratória (PCR). Realizadas manobras de Ressuscitação Cardiopulmonares com reversão da PCR em 8 minutos. Procedida a entubação oro traqueal acoplada à Ventilação Mecânica (V.M.) e transferido para UTI em uso de aminas vasoativas, corticoterapia e suporte intensivo. Raio-X de tórax pós evento com algumas áreas esparsas de condensação, sem padrão de SARA ou de congestão pulmonar. Após 24 horas encontrava-se ainda sob V.M. porém com relação P/F 580, Raio-X de tórax evolutivamente melhor sem condensações, hemodinamicamente estável com aminas vasoativas. Após 36h do evento apresentou 3 episódios de PCR evoluindo para óbito após 39h do evento. Exames complementares: Pró BNP -27.120 pg/mL (V.R. = 0‒70 pg/mL) paciente portador de IRC que cursa com valores elevados de BNP, imagem radiológica pulmonar sem padrão de congestão, com balanço hídrico controlado. Troponina-I = 0,01 (V.R = até 0,16 ng/mL); D – dímero = 1440 ng/mL (V.R. até 500 ng/mL) paciente internado por quadro de Trombose Aguda, resultado <3 vezes o valor da normalidade, sem quadro pulmonar clínico ou radiológico suspeito de Embolia Pulmonar. Dosagem de IgA = 68 mg/dL (V.R. = 70 até 400 mg/dL) – suspeita de Deficiência de IgA, sem possibilidade de coleta de nova amostra no momento da liberação do resultado. Rastreadas doações anteriores do doador das plaquetas por aférese – masculino, 6 doações anteriores, sem registros de reação adversa relacionadas aos hemocomponentes (Hemácias, Plasma Fresco Congelado e CRIO). Conclusão: O paciente nunca havia realizado nenhuma hemotransfusão, tinha programação de alta hospitalar, e apresentou quadro de Choque Anafilático durante hemotransfusão que contribuiu para o óbito em menos de 48h após o evento, que ocorreu durante período noturno sem o paciente ter apresentado quadro de urgência que justificasse a mesma. A suspeita de Deficiência de IgA não pode ser descartada nem efetivamente confirmada, visto o resultado da dosagem de IgA ter sido muito próxima do valor de referência. O caso evidência a importância da implantação de critérios clínicos e laboratoriais para transfusão com base nos protocolos de Patient Blood Management (PBM) para garantir a segurança transfusional e evitar exposição à riscos transfusional sem risco × benefício justificáveis.