Hematology, Transfusion and Cell Therapy (Oct 2023)
ANÁLISE DA RELAÇÃO ENTRE A MASSA CORPORAL E OS EFEITOS ADVERSOS DAS VACINAS CONTRA A COVID-19
Abstract
Objetivo: No final do ano de 2019 foi relatado o primeiro caso de COVID-19, causado pelo vírus SARS-CoV-2. Com a propagação do vírus, estratégias de contenção da pandemia foram discutidas, sendo a vacinação em massa a solução mais eficaz. Alguns indivíduos apresentaram efeitos adversos após a aplicação da vacina. Porém, não há evidências concretas que relacionem dose dos imunizantes com estatura, massa corporal e efeitos adversos. Neste sentido, o presente trabalho tem como objetivo identificar a relação entre massa corporal e os efeitos adversos apresentados após vacinação. Materiais e métodos: A pesquisa foi realizada por meio de um questionário online pela plataforma GoogleForms, pelo método de bola de neve virtual não probabilístico. Os participantes da pesquisa foram recrutados em redes sociais do Brasil, com divulgação atravésde instituições, grupos de pesquisa e dos pesquisadores. Foram incluídos indivíduos de ambos os sexos, maiores de 18 anos, que tenham tomado pelo menos uma dose do imunizante e concordado em responder ao questionário, assinando o TCLE virtual. Os dados coletados foram: idade, peso, altura, cálculo do IMC, tipo de vacina, número de doses, e ocorrência de efeitos adversos aos diferentes tipos de vacinas. Resultados: No total, 442 indivíduos responderam ao questionário, sendo a maioria, 321 (73%) do sexo feminino. A idade variou entre 18 e 75 anos (M = 33). A maior parte dos pesquisados eram eutróficos (50,5%), seguidos de sobrepeso (27,4%), obesidade (15,2%) e baixo peso (7%). Indivíduos com IMC normal e baixo peso, apresentaram duas e cinco vezes, respectivamente, mais chances de desenvolver efeitos adversos do que os indivíduos com sobrepeso. A vacina mais citada nas respostas nas quatro fases foi a Pfizer,com 44,7%, 49,2%, 67,2% e 55,4%, respectivamente. Em relação aos efeitos adversos, mais da metade dos vacinados relatou apresentar alguma reação em todas as doses, sendo 59,1% na primeira dose, 51,7% na segunda, 57,3% na terceira e 55,2% na quarta dose. Quando comparados os tipos de vacinas, observou-se que a CoronaVac apresentou na primeira e na segunda doses, menos efeitos adversos que a Atrazeneca (p < 0,001) e a Pfizer (p < 0,001). Discussão: Pessoas com peso normal apresentaram mais chance de desenvolver efeitos adversos do que pessoas com sobrepeso. Uma possível explicação pode ser o fato da amostra apresentar um número maior de pessoas eutróficas, e esse grupo ser mais exposto aos efeitos adversos, ou ainda, o tecido adiposo em excesso agir como um possível protetor nas pessoas obesas. Por outro lado, o IMC é um índice para avaliação do estado nutricional, mas que não oferece informações em relação ao percentual de gordura, podendo ser um fator limitante na explicação da ocorrência dos efeitos adversos. Indivíduos abaixo do peso também apresentaram mais chance de desenvolver efeitos adversos em relação aos indivíduos com sobrepeso, podendo este fato estar relacionado com o seu estado nutricional e com possíveis comprometimentos na resposta imunológica. Por fim, a CoronaVac apresentou menos relatos de efeitos adversos, demonstrando que esta vacina pode ser mais bem tolerada pela população, aumentando dessa forma, a adesão à vacinação. Conclusão: Conclui-se que mais da metade dos indivíduos apresentou algum tipo de reação aos imunizantes, sendo a CoronaVac a vacina mais bem tolerada, e que indivíduos com sobrepeso apresentaram duas vezes menos chance de desenvolverem reações adversas às vacinas.