Diálogos (Jul 2018)
Bring data! Corrida espacial e inteligência
Abstract
A chamada corrida espacial remete a um dos mais instigantes eventos da Guerra Fria e da própria história humana. Neste artigo, busca-se explicitar o contexto do pós-Segunda Guerra Mundial em que Estados Unidos e União Soviética decidiram investir em tecnologias para explorar e ocupar o espaço exterior, sobretudo a órbita terrestre, destacando suas estratégias ligadas à obtenção de informações sobre a ação do “inimigo” mediante a constituição de sistemas permanentes de inteligência a um baixo custo político para as tensas relações bipolares. Em meio a demonstrações de superioridade bélico-científica envolvendo o desenvolvimento de mísseis intercontinentais, satélites de pesquisa e os pioneiros voos espaciais tripulados, as superpotências se empenharam para instalar secretos sistemas orbitais de monitoramento dos arsenais nucleares, cuja entrada em operação passou a propiciar tecnologias eficazes para o governo do terror nuclear e para a administração diplomático-militar dos conflitos decorrentes de seu enfrentamento planetário. Além de recuperar informações sobre a Guerra Fria, a problematização da corrida espacial também contribui para o estudo genealógico dos programas sidero-planetários de monitoramento que se afirmam como elementos dos dispositivos de poder das contemporâneas sociedades de controle. Abstract Bring data! Space race and Intelligence The so-called space race refers to one of the most exciting events of the Cold War and of the human history. In this article, we try to explain the post-World War II context in which the United States and Soviet Union decided to invest in technologies to exploit and occupy outer space, especially the terrestrial orbit, highlighting their strategies for obtaining information about the action of the "enemy" through the constitution of permanent systems of intelligence at a low political cost for tense bipolar relations. Amidst demonstrations of warlike scientific superiority involving the development of intercontinental missiles, research satellites, and pioneering manned spaceflight, the superpowers worked to install secret orbital systems for monitoring nuclear arsenals, whose entry into operation began to provide effective technologies to the government of nuclear terror and to the diplomatic-military administration of the conflicts arising from its planetary confrontation. In addition to retrieving information about the Cold War, the problematization of the space race also contributes to the genealogical study of the space-planetary programs of monitoring that affirm themselves as elements of the devices of power of the contemporary societies of control. Resumen Bring data! Carrera espacial y inteligencia La carrera espacial lleva a uno de los más estimulantes eventos de la Guerra Fría y de la historia humana. En este artículo, vamos a explicitar el contexto de lo post Segunda Guerra Mundial en lo que Estados Unidos y Unión Soviética decidieron hacer uso de tecnologías para explorar y ocupar el espacio exterior, sobretodo la órbita terrestre, subrayando las estrategias relacionadas a la obtención de información sobre la acción del “enemigo” frente a la constitución de sistema permanentes de inteligencia de bajo coste político para las tensas relaciones bipolares. Entre las demonstraciones de superioridad bélica-científica involucrando el desarrollo de misiles intercontinentales, satélites de investigación y los pioneros vuelos espaciales tripulados, las superpotencias insistieron en instalar secretos sistemas orbitales para monitorear los arsenales nucleares, cuyo inicio de operación proporcionó tecnologías eficaces para el gobierno del terror nuclear y para la administración diplomático-militar de conflictos resultantes del enfrentamiento planetario. Además de recuperar informaciones sobre la Guerra Fría, la problematización de la carrera espacial también contribuye a que el estudio genealógico de programas siderales y planetarios para monitorizar que se afirman como elementos de dispositivos de poder de sociedades de control contemporáneas