Jornal de Assistência Farmacêutica e Farmacoeconomia (Feb 2023)

Reações adversas cutâneas graves decorrentes de automedicação

  • G.N.C. Santos,
  • G.Q. Almeida,
  • L.A.K. Toledo,
  • A.C.B. Noblat,
  • L.A.C.B. Noblat

DOI
https://doi.org/10.22563/2525-7323.2022.v1.s2.p.24
Journal volume & issue
Vol. 1, no. s.2

Abstract

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Introdução: As reações adversas a medicamentos (RAM) estão entre as principais causas de admissão hospitalar ao redor do mundo e causam impacto direto nos custos em saúde. As reações cutâneas graves são um grupo de reações que acometem pele, mucosa e órgãos internos, resultantes do mecanismo de hipersensibilidade do tipo IV, tardio, e incluem a síndrome de stevens-johnson (SJS), necrólise epidérmica tóxica (NET), dentre outras. São potencialmente fatais e estão associadas a vários padrões clínicos e morbidade. A automedicação é uma prática frequente na população brasileira e, é definida pela seleção e uso de medicamentos por indivíduos para tratar doenças ou sintomas auto reconhecidos. Objetivo: Descrever o perfil de reações de hipersensibilidade cutânea graves decorrentes de automedicação que levaram ao internamento hospitalar. Métodos: Estudo retrospectivo, transversal, de pacientes admitidos por RAM notificados ao Centro de Farmacovigilância de um hospital universitário no período de 2001 a 2022. Esse estudo foi aprovado pelo comitê de ética em pesquisa institucional. A análise dos dados foi realizada através de estatística descritiva com cálculo de frequência e mediana. Resultados e discussão: Foram incluídos 11 pacientes de admissão hospitalar por quadro de SJS, NET e eritema multiforme, sendo 4 crianças, 4 adultos e 2 idosos. Um idoso sofreu duas hospitalizações por RAM. É importante destacar que os extremos de idade representam fator de risco para desenvolvimento de reações adversas. A mediana de idade foi de 33 anos (3-101 anos). Quanto ao sexo, 82% (9/11) dos pacientes eram mulheres corroborando com dados prévios publicados que revelam a prática da automedicação mais comum entre o público feminino, o qual foi associado ao seu papel social. As classes terapêuticas envolvidas na reação foram: analgésicos não opioides, anti-inflamatórios não esteroidais (AINES) e antibióticos. Estudos sobre automedicação no país evidenciam resultados semelhantes e sinaliza a dipirona como o medicamento mais consumido para controle de sintomas agudos, menores e autolimitados. Os sintomas que motivaram a automedicação foram: febre, odinofagia, mal-estar inespecífico, dor aguda, hiperemia conjuntival bilateral, infecção do trato urinário e psoríase. O tempo de internamento variou de 2 a 112 dias, com mediana de 14 dias, assim como estudo e admissão por RAM realizado em hospitais de Salvador. Quanto ao desfecho, 46% (5/11) dos pacientes receberam alta hospitalar com recuperação completa da reação e 36% (4/11) em recuperação. Duas RAMs foram fatais. O risco de morte varia de acordo com a faixa etária e com a extensão do acometimento cutâneo. Conclusão: O perfil das reações de hipersensibilidade cutâneas graves decorrentes de automedicação foi semelhante ao descrito na literatura. A automedicação aumentou os gastos em saúde e esteve associada a desfechos fatais.