Revista Brasileira de Ginecologia e Obstetrícia (Aug 2006)

Gestação na adolescência precoce e tardia: há diferença nos riscos obstétricos? Precocious and late pregnancy in adolescents: is there a difference comparing the obstetric risks?

  • Maria de Lourdes Caltabiano Magalhães,
  • Felipe Magalhães Furtado,
  • Marcelo Bezerra Nogueira,
  • Francisco Herlânio Costa Carvalho,
  • Francisco Manuelito Lima de Almeida,
  • Rosiane Mattar,
  • Luiz Camano

DOI
https://doi.org/10.1590/S0100-72032006000800002
Journal volume & issue
Vol. 28, no. 8
pp. 446 – 452

Abstract

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OBJETIVOS: descrever aspectos da assistência e resultados obstétricos da gravidez em adolescentes atendidas em um centro de atendimento terciário do Ceará e comparar os resultados maternos e perinatais entre adolescentes precoces e tardias. MÉTODOS: em estudo transversal, analítico, avaliaram-se 2.058 casos, sendo 322 (15,6%) de adolescentes precoces e 1.736 (84,4%) tardias, atendidas no ano de 2000. Foram analisados as intercorrências clínicas no pré-natal, tipo de parto, indicações de cesárea, idade gestacional no parto, peso do recém-nascido ao nascimento, adequação do peso à idade gestacional, índices de Apgar no primeiro e quinto minuto de vida, presença de malformações e óbito neonatal. Utilizaram-se o teste exato de Fisher e o chi2 na comparação entre os dois grupos. Calculou-se também a razão de prevalência. RESULTADOS: do total de partos ocorridos no período, 25,9% eram de adolescentes e a média de idade destas foi de 17,2 anos. Constatou-se que 88% freqüentaram o pré-natal, sendo 60% com número insuficiente de consultas. As intercorrências clínicas mais freqüentes foram a pré-eclâmpsia (14,7%), a anemia (12,9%) e a infecção do trato urinário (6,4%), sem diferença de freqüência entre os grupos. Ocorreram 31,3% de nascimentos por cesárea, sendo a pré-eclâmpsia a principal indicação nas duas faixas etárias (25 e 23%, respectivamente). A freqüência de Apgar menor que 7 no primeiro minuto foi de 19,9% no grupo das adolescentes precoces e 14,2% entre as tardias (x²=6,96, p=0,008). Não houve diferença quanto à freqüência de prematuridade (20,2 vs 16,1%), recém-nascido pequeno para idade gestacional (12,4 vs 10,4%), baixos escores de Apgar de quinto minuto (5,3 vs 3,3%), malformações congênitas (3,1 vs 2,7%) e morte neonatal (1,6 vs 3,1%). CONCLUSÕES: as gestantes adolescentes precoces e tardias apresentaram evolução da gestação e desempenho obstétrico semelhantes, exceto pela diferença nos escores de Apgar no primeiro minuto.PURPOSE: to describe the obstetric outcomes in pregnant adolescents at a tertiary hospital and to compare the maternal and labor outcomes between precocious and late adolescents. METHODS: in a transversal analytical study, 2058 cases were evaluated, considering 322 (15.65%) from the precocious group and 1736 (84.35%) from the late group that delivered at the "Maternidade Escola Assis Chateaubriand/UFC" from January 1, 2000 to December 31, 2000. The clinical complications in the prenatal period, kind of delivery, indications for cesarean section, birth gestational age at birth, birth weight, comparison of birth weight and gestational age, Apgar score at the first and fifth minute, presence of malformations, and neonatal death were analyzed. The exact Fisher and the chi2 tests were used to compare both groups. The prevalence ratio was calculated. RESULTS: from of total of deliveries, 25.95% belonged to adolescents. The average age was 17.19 years. Prenatal visits were made by 88% of the patients, but 60% had an insufficient number of visits. The most frequent clinical situations were preeclampsia (14.72%), anemia (12.97%) and urinary tract infections (6.37%), with no statistical difference between the groups. Thirty-one and three percent of the births were by cesarean section, preeclampsia being the main indication in the two age groups (25 and 23%, respectively). The frequency of an Apgar score less than 7 at the first minute was 19,9% in the precocious adolescent group and 14,2% in the late adolescent group (x²=6,96, p=0.008). There was no statistical difference regarding prematurity rate (20.2 vs 16.1%), low-birth weight infants (12.4 vs 10.4%), low Apgar score at the fifth minute (5.3 vs 3.3%), congenital malformations (3.1 vs 2.7%), and neonatal death (5.3 vs 3.3%). CONCLUSIONS: the precocious and late pregnant adolescents presented similar pregnancy evolution and obstetric outcomes, except for the differences of the first minute Apgar scores.

Keywords