Convergência Lusíada (Nov 2023)
Rememoração no espaço artístico-literário luso-brasileiro: entrevista com Rosa Esteves, museóloga e artista visual, sobrinha-neta de Eunice Peregrina de Caldas
Abstract
Eunice Peregrina de Caldas, figura pioneira do feminismo no Brasil, tendo atuado na fundação do Liceu Feminino Santista (Caputo, 2008, p. 21), foi também uma poetisa e autora de inúmeras obras, incluindo a antologia Amphitrite (1924). Seu nome, por outro lado, figura somente em um dicionário literário brasileiro: o primeiro volume da Enciclopédia de Literatura Brasileira (Coutinho et al, 2001). A pesquisadora Melissa Mendes Caputo conseguiu reunir diversos elementos biográficos desta escritora, mas sobressalta a dificuldade deste feito e denuncia a “ausência de uma mentalidade histórica e cultural de preservação” (Caputo, 2008, p. 21). Isto se trata de uma tendência repetida em diversos quadros transnacionais: no período que segue o fim da Belle Époque, gradualmente, uma parte da cena literária se enfraquece, especialmente a dos escritos homoeróticos e femininos, devido à repressão e aos movimentos de censura entre 1920-1930. Assim, atestamos um desaparecimento quase total de documentos de ordem primária relacionados a algumas dessas escritoras. Em diversos níveis, o acesso aos espólios dessas autoras é, senão limitado, completamente inexistente. Numa perspectiva de reconstrução, a fim de preencher algumas lacunas biobibliográficas, o interesse deste trabalho é de abordar essa questão no espaço literário luso-brasileiro, a partir do caso de Eunice Caldas, abordando também os modos de rememoração no espaço artístico, por meio da entrevista com a artista Rosa Esteves.
Keywords