Convergência Lusíada (Nov 2023)

Rememoração no espaço artístico-literário luso-brasileiro: entrevista com Rosa Esteves, museóloga e artista visual, sobrinha-neta de Eunice Peregrina de Caldas

  • Julie Oliveira da Silva

DOI
https://doi.org/10.37508/rcl.2023.n50a849
Journal volume & issue
Vol. 34, no. 50
pp. 284 – 299

Abstract

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Eunice Peregrina de Caldas, figura pioneira do feminismo no Brasil, tendo atuado na fundação do Liceu Feminino Santista (Caputo, 2008, p. 21), foi também uma poetisa e autora de inúmeras obras, incluindo a antologia Amphitrite (1924). Seu nome, por outro lado, figura somente em um dicionário literário brasileiro: o primeiro volume da Enciclopédia de Literatura Brasileira (Coutinho et al, 2001). A pesquisadora Melissa Mendes Caputo conseguiu reunir diversos elementos biográficos desta escritora, mas sobressalta a dificuldade deste feito e denuncia a “ausência de uma mentalidade histórica e cultural de preservação” (Caputo, 2008, p. 21). Isto se trata de uma tendência repetida em diversos quadros transnacionais: no período que segue o fim da Belle Époque, gradualmente, uma parte da cena literária se enfraquece, especialmente a dos escritos homoeróticos e femininos, devido à repressão e aos movimentos de censura entre 1920-1930. Assim, atestamos um desaparecimento quase total de documentos de ordem primária relacionados a algumas dessas escritoras. Em diversos níveis, o acesso aos espólios dessas autoras é, senão limitado, completamente inexistente. Numa perspectiva de reconstrução, a fim de preencher algumas lacunas biobibliográficas, o interesse deste trabalho é de abordar essa questão no espaço literário luso-brasileiro, a partir do caso de Eunice Caldas, abordando também os modos de rememoração no espaço artístico, por meio da entrevista com a artista Rosa Esteves.

Keywords