Hematology, Transfusion and Cell Therapy (Oct 2021)
A IMPORTÂNCIA DOS SUBTIPOS DE LINFÓCITOS DA MEDULA ÓSSEA COMO FATORES PREDITIVOS DE RECAÍDA MOLECULAR EM PACIENTES COM LEUCEMIA MIELOIDE CRÔNICA APÓS A DESCONTINUAÇÃO DO IMATINIBE
Abstract
Introdução: nos últimos anos foi comprovada a viabilidade da descontinuação do tratamento com inibidores da tirosinaquinase (ITKs) na Leucemia Mieloide Vrônica (LMC), e vários fatores clínicos que influenciam a duração da remissão livre de tratamento (RLT) após a descontinuação foram estudados. Objetivo: analisamos a influência dos subtipos de linfócitos da medula óssea (MO) na recorrência molecular após a descontinuação do Imatinibe (IM) na LMC. Métodos: em um estudo de descontinuação recente realizado em nossa instituição (ensaio EDI-PIO), avaliamos subtipos de linfócitos da BM antes e após a introdução da pioglitazona, que foi administrada 3 meses antes da descontinuação do IM. Os critérios de descontinuação foram: paciente em fase crônica no momento do diagnóstico, mínimo de 3 anos em ITK e remissão molecular sustentada MR4.5 por pelo menos 2 anos. Populações de linfócitos estudadas: B, TCD8, TCD4, T CD4+ CD8+ e T CD4-CD8-, além de T naïve e de memória, células TCRαβ, TCRγδ, NK-t e NK. A influência do escore de Sokal no diagnóstico e a duração do tratamento com imatinibe, junto com os subtipos de linfócitos da MO, sobre o tempo de remissão livre de tratamento foram examinadas por regressões de Cox uni e multivariadas. Resultados: estudamos 30 de 32 pacientes diagnosticados entre 1998 e 2013 que alcançaram os critérios de descontinuação incluídos no estudo EDI-PIO: 13 homens e 17 mulheres. Idade média no diagnóstico: 41 anos (22-65). Tempo médio de tratamento com IM: 116,3 meses (38,2-209,3); 11 pacientes (36%) tiveram uma recorrência molecular em uma mediana de 5,17 meses (2,4-29,4). Para os pacientes que permaneceram em RLT, o tempo médio de acompanhamento foi de 46 meses (26,3-55,9). O tempo médio geral de tratamento IM (IM-Tr) foi de 65 meses para pacientes recorrentes e 124 meses para aqueles que permaneceram em TFR. Na regressão de Cox univariada, um valor significativo foi encontrado para IM-Tr, maiores porcentagens de T CD4+CD8+ e menores de linfócitos TCRγδ na descontinuação. No modelo multivariado apenas o T CD4+CD8+ permaneceu. Conclusão: a descontinuação da IM é viável em pacientes que permanecem em MR4.5 contínuo por mais de 2 anos. Um tempo maior de tratamento IM e valores mais altos de linfócitos T CD4+CD8+ preveem um menor risco de recidiva.Palavras-chave: Leucemia Mieloide Crônica; Imatinibe; Descontinuação; Linfócitos; Pioglitazona.