Revista da ANPEGE (Dec 2021)
Dinâmica erosiva e progradacional das praias de Atafona e Grussaí (RJ), 1954-2019
Abstract
Os litorais são regiões dinâmicas onde agentes atmosféricos, continentais e marinhos interagem e nem sempre atuam em equilíbrio. Como resultado, processos de recuo, avanço e de estabilidade atuam na costa modificando sua morfologia ao longo do tempo. Neste contexto, o trabalho busca realizar o mapeamento e análise multitemporal dos processos de erosão e progradação observados nas praias de Atafona e Grussaí (São João da Barra – RJ, Brasil). A metodologia baseou-se na reunião de séries temporais de imagens dos últimos 65 anos e no uso do software ArcGIS 10.05. As linhas de costa foram vetorizadas e comparadas entre si permitindo extrair valores de área de ocorrência, taxa média de variação linear e velocidade média dos processos. Dados de ventos foram adquiridos junto a DHN a fim de auxiliar nas interpretações. Resultados mostraram dois setores com comportamento dinâmico distintos, um em Atafona, com tendência erosiva, e outro próximo à Grussaí com acreção sedimentar. A intensidade dos fenômenos classifica Atafona como praia sujeita a erosão extrema. Entre 1954-2019 a área erodida foi de 1.031.238,59 m² e a de progradação 687.147,77 m². A taxa média linear de erosão foi de 164 m (com máximo de 289 m), já a de progradação ficou em 166 m (máximo de 226 m). Cálculos de velocidade média dos processos indicam uma erosão de 2,54 m.ano-1 e progradação de 2,56 m.ano-1. A ocorrência simultânea de erosão ao norte e progradação mais ao sul reafirma a importância da deriva litorânea na evolução do litoral, transportando sedimentos de um setor para o outro. Análises de menores intervalos temporais mostraram que os processos não ocorrem de forma contínua e nem com a mesma intensidade ao longo do tempo. O padrão em dois setores com comportamento distintos é ocasionalmente alterado pelo predomínio de uma única dinâmica ao longo de toda a costa. A ocorrência de erosão estaria associada a um aumento da intensidade dos ventos do quadrante N-NE, com aumento da capacidade de transporte longitudinal na direção N-S. Já o predomínio da progradação estaria relacionado a intensificação de ventos de S-SE e inversão da deriva para a direção S-N. O detalhamento desta dinâmica permitiu a melhor compreensão dos processos atualmente em curso fornecendo informações importantes para o planejamento e gestão do litoral.
Keywords