Brazilian Journal of Infectious Diseases (Jan 2022)

TRATAMENTO DA LEISHMANIOSE RECIDIVA CÚTIS COM ANTIMONIATO DE MEGLUMINA INTRALESIONAL: RELATO DE CASO

  • Isabely Pereira Sanches,
  • Rhélrison Bragança Carneiro,
  • Arthur Mendes Valentim,
  • Jessíca Reco Cruz,
  • Luis Esteban Comas Vazquez,
  • Mariana Kely Diniz Gomes de Lima,
  • Maiky José de Oliveira

Journal volume & issue
Vol. 26
p. 101974

Abstract

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Introdução: O tratamento padrão para Leishmaniose Tegumentar (LT) consiste no uso do Antimoniato de Meglumina (AM) endovenoso (EV) na dose de 20 mg de Sb5+/kg/dia, durante 20 dias e, nos casos de recidiva cútis (LRC), por 30 dias. Tendo em vista a toxicidade cumulativa da droga, surge, como alternativa ao tratamento convencional, a terapêutica intralesional (IL) com AM. Descrição do caso: Paciente do sexo masculino, 53 anos, é encaminhado ao ambulatório de infectologia com resultado positivo para LT de lesão no membro inferior esquerdo previamente tratada com 12,5 ml de AM EV durante 20 dias há 90 dias atrás, sendo diagnosticado, após avaliação médica, com LRC. Tendo em vista a impossibilidade de realizar o tratamento convencional para LRC, AM EV por 30 dias, optou-se pelo esquema IL com uma ampola (5 mL) de AM IL em três aplicações com intervalos de 15 dias. Após a segunda aplicação notou-se epitelização inicial de lesão e, 5 meses após o término do esquema, o paciente retorna com lesão apresentando cicatrização completa. Comentários: O AM constitui a droga de primeira escolha no tratamento da LT, sendo utilizado por via intravenosa (IV), na dose de 20 mg de Sb5+/kg/dia, durante 20 dias seguidos. O tratamento sistêmico está expressamente contraindicado para pacientes nefropatas, hepatopatas, cardiopatas ou com idade acima de 50 anos pelo risco de eventos adversos graves. Em casos de LRC, que consiste na reativação da lesão previamente tratada, a conduta passa a ser o AM EV por 30 dias consecutivos. Considerando o efeito cumulativo da toxicidade do medicamento, torna-se relevante, em alguns casos, lançar-se mão do tratamento IL. Dentre as vantagens dessa terapêutica estão a adesão do paciente e a redução dos custos e da toxicidade da droga. No relato apresentado, apesar do tratamento prévio com AM EV, houve recidiva da doença, sendo, portanto, viável a abordagem com o esquema terapêutico IL com o qual obteve-se cura clínica da LT. Portando, o tratamento IL com AM deve ser considerado como alternativa ao tratamento convencional em casos de LRC no intuito de evitar idiossincrasias.