Contexto Internacional (Jun 2004)
Os estudos de segurança na Turquia: situando a Turquia no "ocidente" por meio de "escrever a segurança" The study of security in Turkey: locating Turkey in the "west" through "writing security"
Abstract
A concepção de segurança nacional orientada externamente e focada militarmente não lida suficientemente bem com as inseguranças turcas, inseguranças estas compartilhadas com outros países em desenvolvimento. Apesar disso, durante toda a Guerra Fria, houve pouca discussão acerca da limitada relevância de tais conceitos e teorias tradicionais das Relações Internacionais para tratar das inseguranças turcas. O artigo procura explicar este fato fazendo referência à preocupação política prevalecente no período, qual seja, a de situar a Turquia no "Ocidente". Os trabalhos acadêmicos sobre segurança nesse período, sugere o artigo, ajudaram a situar a Turquia no "Ocidente" mediante a representação de suas preocupações como aspectos da segurança "ocidental", e não como preocupações típicas de países em desenvolvimento. O ponto é que, ao longo da Guerra Fria, as representações da Turquia como "parceira júnior" dos Estados Unidos na luta contra o comunismo não só ajudaram a reproduzir sua identidade "ocidental", mas também embasaram os escritos sobre segurança na Turquia. O artigo está dividido em três partes. A primeira discute o problema da disjunção entre os conceitos e teorias de Relações Internacionais e as "realidades" do mundo em desenvolvimento, enfatizando a importância do contexto histórico para a compreensão de por que e como conceitos e teorias viajam entre mundos. A segunda parte analisa de que maneira a questão da irrelevância dos conceitos e teorias tradicionais foi tratada pela literatura de Relações Internacionais turca durante a Guerra Fria. A terceira analisa os debates da década de 90 sobre a concepção turca de "segurança nacional".The externally oriented and military-focused conception of national security does not fare well when accounting for the insecurities Turkey has shared with other developing countries. Yet, throughout the Cold War era, there was little discussion on the limited relevance of such standard concepts and theories of International Relations when accounting for Turkey's insecurities. The article seeks to explain this with reference to a prevalent policy concern of the time: locating Turkey firmly in the "West". Scholarly writings on security during this period, the article suggests, helped to locate Turkey in the "West" through representing its concerns as aspects of "Western" security - but not as concerns typical to developing countries. The point being that throughout the Cold War, representations of Turkey as a "junior partner" of the United States in the fight against communism not only helped to (re)produce its "Western" identity but also underlay the production of writings on security in Turkey. The article falls into three parts. Part I discusses the issue of misfit between International Relations concepts and theories and "realities" of the developing world and emphasises the significance of historical context for understanding why and how theories and concepts travel between worlds. Part II looks at how the issue of the (ir)relevance of standard concepts and theories was treated in Turkey's International Relations literature during the Cold War. Part III looks at the 1990s debates on Turkey's conception of national security.
Keywords