Hematology, Transfusion and Cell Therapy (Oct 2023)

EXPERIÊNCIA NO TRANSPLANTE AUTÓLOGO DE CÉLULAS TRONCO HEMATOPOÉTICAS PERIFÉRICAS EM PACIENTES COM PESO IGUAL OU INFERIOR A 25 KG

  • OMWO Félix,
  • ACL Alves,
  • MRA Gomes,
  • AS Ramos,
  • PGG Granja,
  • G Zamperlini,
  • RV Gouvea,
  • VC Ginani,
  • CMV Alferi,
  • A Seber

Journal volume & issue
Vol. 45
pp. S512 – S513

Abstract

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Em vinte e quatro anos de atividade, uma unidade de Transplante de Medula Óssea (TMO) Pediátrico realizou transplantes autólogos com Células Tronco Hematopoéticas Periféricas (CTHP) em crianças com doenças onco-hematológicas. O objetivo deste estudo é relatar a experiência desses TMOs posterior à coletas de leucoaféreses realizadas em pacientes com peso igual ou inferior a 25 kg. Pacientes e métodos: Foi realizada revisão dos formulários e do prontuário eletrônico no período de dezembro de 1999 a maio de 2023. As CTHP foram coletadas por aférese através de cateter venoso central rígido utilizando a separadora de células COBE Spectra® com ACD-A na proporção 1:15, processando-se ao redor de seis volemias. Os procedimentos foram repetidos até coletar 5×106 CD34+/kg. A partir de 2012 o alvo passou para 15×106 CD34+/kg para os TMOs em Tandem. O priming da máquina foi realizado com hemácias irradiadas, filtradas e ressuspensas em solução fisiológica. Durante a aférese, os pacientes receberam cálcio, sódio, magnésio e potássio endovenoso. A partir de 2016 as CTHP foram coletadas pela Spectra Optia®, a proporção de ACD-A variou de 1:12 a 1:15 a depender o tempo de procedimento, contagem plaquetária do paciente e velocidade do fluxo de coleta. O número de volemias foi calculado com base no CD34+ alvo e do sangue periférico do dia. As células foram criopreservadas com solução final de HAES 6%, Albumina 4% e DMSO 5% e armazenadas em ultrafreezeres. No dia da infusão, foi realizado o degelo em banho maria à 37°C e realizado o controle de qualidade. A remoção do DMSO foi indicada para os pacientes com ≤ 25 kg, insuficiência renal ou cardíaca e infusões acima de 1 g/DMSO/kg. A remoção foi realizada segundo protocolo de Rubinstein: degelo com diluição 1:1 em dextrano-albumina 5% a 4°C. Realizado o controle de qualidade, centrifugação a 400 g, 4°C por 20 min. O buffy coat também foi ressuspenso na mesma solução e encaminhado para infusão com equipo simples. O sobrenadante final foi novamente centrifugado até restarem < 0,1 × 108 CNT/kg. Em 2018 o critério peso reduziu para 15 kg e a partir de outubro de 2021 o peso não foi mais um critério. Resultados: Foram realizados 136 TMOs em 109 pacientes. Foram realizados o degelo simples em 37 transplantes e 99 com remoção do DMSO. Foram realizadas 109 aféreses, 15 pacientes realizaram duas aféreses e 04 realizaram três. A mediana de volume coletado foi de 166 mL (35‒825), a celularidade foi de 12×108 CNT/kg (2‒66) e o CD34 foi 9,1×106/kg (2,6‒239). Foram realizados 136 transplantes, 109 pacientes foram submetidos a apenas um TMO, quinze a dois, onze a três e apenas um paciente realizou quatro TMOs. A mediana de idade foi de 2 anos (0,7 a 3) e peso foi de 11 kg (6 a 18) e, 61% do sexo feminino. Os diagnósticos foram: 54 com Sistema Nervoso Central, 18 Retinoblastoma, 6 Tumor de células germinativas e 01 com Tumor teratóide. O condicionamento foi: 21 pacientes receberam Bu-Mel, 30 Carbo-TT, 3 Carbo-VP-TT, 16 CEM, 64 CEM-TT, 1 CTX-Mel, 1 Tenodal-TT-Carbo. Nenhum paciente teve falha de enxertia e 72% estão vivos. Conclusão: A leucoaférese em nosso serviço foi realizada com segurança, inclusive quando realizado em grandes volumes. O protocolo que propomos para crianças com menos de 25 Kg deve incluir priming da máquina com concentrado de hemácias, infusão de eletrólitos durante o procedimento e monitorização contínua dos pacientes. O transplante autólogo com CTHP para esses pacientes é seguro e factível.