Jornal de Assistência Farmacêutica e Farmacoeconomia (Feb 2023)

Aspectos das prescrições contendo Decanoato de Haloperidol atendidas por uma farmácia do SUS no Estado da Bahia em 2019

  • Joslene Lacerda Barreto,
  • Victória Cruz de Souza,
  • Marcelo Tavares Pereira,
  • Luciano Natal Almeida Mascarenhas,
  • Felipe Oliveira Pinto

DOI
https://doi.org/10.22563/2525-7323.2019.v4.s1.p.29
Journal volume & issue
Vol. 4, no. s.1

Abstract

Read online

Introdução: O tratamento dos transtornos mentais no SUS contempla a oferta de cuidados por equipe multiprofissional e a assistência farmacêutica. O decanoato de haloperidol (DH) é uma droga indicada em bula para tratamento de manutenção de pacientes psicóticos crônicos estabilizados que consta na Relação Nacional de Medicamentos Essenciais (Rename), sendo dispensada em farmácias de unidades de assistência em saúde mental do SUS. Os efeitos colaterais do DH são distonia, rigidez muscular, parkinsonismo, discinesia tardia, sedação, ganho de peso e outros, semelhantes à senilidade. Conhecer as características das prescrições desta droga é considerada uma etapa importante, que pode subsidiar o planejamento das ações de promoção da adesão ao tratamento e verificação da ocorrência de problemas relacionados ao medicamento (PRM). Objetivos: Caracterizar as prescrições atendidas pela farmácia de um centro de saúde mental do SUS em Salvador no tocante ao total de prescrições, vínculo institucional, idade média dos pacientes, sexo, percentual de pacientes acima de 55 anos e número médio de medicamentos por prescrição. Metodologia: As informações foram obtidas a partir da segunda via das prescrições atendidas e retidas pela farmácia nos meses de janeiro e fevereiro de 2019, bem como do prontuário dos pacientes matriculados na unidade. Resultados: Nos meses avaliados foram atendidas pela farmácia 3.749 prescrições, identificando-se a presença de DH em 156 delas (4,16%), dessas 125 (80,13%) são de pessoas cadastradas na unidade, 16 (10,25%) são provenientes de outras instituições da rede SUS e 15 (9,62%) de instituição privada. As prescrições eram majoritariamente de pacientes do sexo masculino (63,46%) e a média da idade da amostra foi de 44 anos, sendo que 39 (25%) das prescrições para pacientes com idade superior a 55 anos, dessas 22 (56,41%) de pacientes da Unidade. As prescrições continham em média 3,8 tipos de drogas, com variação entre 1 e 8 medicamentos. DISCUSSÃO: O elevado percentual de prescrições contendo DH e o maior percentual de prescrições para pacientes do sexo masculino devem ser analisados considerando que a farmácia também atende a pacientes de outros serviços do SUS ou suplementares. A média de idade é semelhante a outros estudos, porém o número médio de medicamentos por prescrição é maior. Um pouco mais da metade (56,41%) das prescrições de pacientes acima de 55 anos é oriunda da Unidade, permite um acompanhamento farmacoterapêutico pelo serviço da farmácia. Conclusão: Considerando que 25% das prescrições atendidas eram de pacientes acima de 55 anos, a polimedicação, os potenciais efeitos colaterais e interações medicamentosas, sugere-se investigar em pesquisas futuras a ocorrência de PRM com o DH. Neste sentido, a oferta do serviço de acompanhamento farmacoterapêutico pela farmácia, integrado à equipe de cuidado faz-se necessário, podendo contribuir para a melhoria na qualidade de vida desses pacientes.