Hematology, Transfusion and Cell Therapy (Oct 2023)

CUIDADOS PALIATIVOS EM HEMATOLOGIA: PERCEPÇÃO DOS PROFISSIONAIS DE SAÚDE EM SERVIÇO PÚBLICO DE SÃO PAULO

  • MDS Pastori,
  • RS Pastori,
  • MEG Queiroz,
  • LLM Perobelli,
  • RT Carvalho

Journal volume & issue
Vol. 45
p. S132

Abstract

Read online

Introdução: A Medicina Paliativa propicia cuidado aos pacientes com doenças graves e ameaçadoras da vida. As doenças oncohematológicas apresentam um perfil de gravidade e morbidade com padrões heterogêneos. Objetivo: Determinar a percepção sobre cuidados paliativos (CP) dos profissionais da saúde em um serviço de hematologia de hospital público terciário em São Paulo. Métodos: Estudo observacional transversal quantitativo, com pesquisa descritiva e analítica dos dados. A identificação dos participantes foi feita através de entrevistas com aplicação de questionário à equipe assistencial através de formulário impresso. Resultados: A população foi composta 46 profissionais, 50,0% tem idade na faixa 25-35 anos e a maioria é do sexo feminino (76,1%). Quanto à profissão, 37% são médicos, 37% enfermeiros, 4,3% fisioterapeutas, 4,3% fonoaudiólogos, 4,3% nutricionistas, 4,3% de técnicos de enfermagem, 2,2% psicólogos, 2,2% odontologistas, 2,2% assistente social e 2,2% farmacêuticos. Quanto à religião, 47,8% dos profissionais são católicos e 13% declararam-se sem religião. A faixa do tempo de formação com mais profissionais é a de menos de 5 anos (43,5%) e apenas 10,9% têm formação em CP. Consideram-se aptos à prática de CP 82,2% dos profissionais, entre esses, 96% conhecem a definição de CP da OMS (p = 0,016), contudo apenas 40% conhecem a definição de Dor Total proferida por Cicely Saunders (p = 0,041). Detectou-se que 94,1% dos profissionais médicos e 70% dos enfermeiros compreendem que CP podem ser associados com cuidados curativos, enquanto apenas 50% dos outros profissionais possuem esse entendimento (p = 0,011). Em relação à comunicação em CP, a maior dificuldade apontada na transmissão de más notícias foi a falta de treinamento adequado. Em segundo lugar para os médicos, foi a falta de tempo, e para os enfermeiros, o medo da reação do paciente. Na fase final de vida, 80,4% dos entrevistados consideram que os pacientes devem ser informados sobre seu prognóstico. Em relação aos opioides, identifica-se que a maior resistência à sua prescrição está relacionada ao medo da depressão respiratória; seguida pelo receio de ser um abreviador da vida e promover dependência química. A indicação de uma via alternativa de alimentação foi considerada oportuna por 39% dos profissionais, mesmo em pacientes em fase final de vida. Em relação à retirada e não introdução de procedimentos invasivos, 80,4% dos entrevistados compreendem que é permitido, ética e legalmente, suspender ou não empreender tratamentos que prolonguem a vida de pacientes com doenças graves sem possibilidades de tratamento modificador. Não compreendem que o atendimento aos familiares enlutados faz parte da assistência paliativista 17,4%. Discussão: A maioria dos profissionais tem conhecimento dos princípios e praticam atitudes paliativistas, contudo, destaca-se que apesar de considerarem-se aptos à prática, os CP não estão inseridos em boa parte da formação dos profissionais da saúde, resultando em percepções equivocadas sobre terminalidade, Dor Total e uso de opioides, além de dificuldade de comunicação e uma não abordagem biopsicossocial e espiritual. Conclusão: A ampla dimensão dos aspectos teóricos e práticos dos cuidados paliativos exige treinamento específico. A necessidade de ampliação da capacitação e desenvolvimento de equipes com formação em cuidados paliativos é uma demanda atual.