Revista Portuguesa de Medicina Geral e Familiar (Feb 2024)

Cair no diagnóstico de VIH: relato de caso

  • Claudia Coelho,
  • Clara Jorge

DOI
https://doi.org/10.32385/rpmgf.v40i1.13734
Journal volume & issue
Vol. 40, no. 1
pp. 73 – 6

Abstract

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Introdução: A prevalência da infeção pelo vírus da imunodeficiência humana (VIH) parece haver estabilizado nos 0,7%, enquanto em alguns países continua a aumentar. Durante muitos anos estava apenas associada ao continente africano e a populações específicas, mas atualmente constata-se um aumento de incidência nos países desenvolvidos. Esta infeção pode ser assintomática ou ter sintomas inespecíficos. Estes dependem do estádio da doença, da carga viral ou do estado imune do hospedeiro. Este caso mostra o desafio do diagnóstico de VIH, relatando uma forma de apresentação sintomática rara. Descrição do caso: Homem de 21 anos de idade, de nacionalidade angolana, que recorre à consulta aberta nos cuidados de saúde primários por quedas frequentes no último mês associadas a sensação de falta de força nos membros inferiores. À avaliação física constata-se uma discreta diminuição global da força nas quatro extremidades, com maior tradução no membro superior esquerdo. Nega práticas sexuais de risco ou consumo de drogas parenterais. Após realização de estudo analítico, estudo eletromiográfico e tomografia computorizada crânio-encefálica, da coluna cervical e lombar, constata-se um resultado positivo para a infeção por VIH como a causa desencadeante da sintomatologia apresentada. Comentário: O que inicialmente pareciam sintomas relacionados com uma doença neuromuscular incipiente veio a revelar-se o diagnóstico de uma infeção vírica. Pela inespecificidade dos seus sintomas é importante manter um elevado nível de suspeição para a infeção por VIH. No caso relatado, a neuropatia periférica era a única manifestação desta infeção. Ainda que tenha uma prevalência de até 60% entre os infetados, é rara como manifestação isolada. A sua etiopatologia não é ainda clara, sabe-se que é multifatorial e progressiva. Presentemente o doente encontra-se estável com o início da terapêutica antirretroviral, com melhoria da sintomatologia.

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