Basilíade (Jan 2021)

DA VOX AO VERBUM IN CORDE

  • Diego Fragoso Pereira

DOI
https://doi.org/10.35357/2596-092X.v3n5p189-207/2021
Journal volume & issue
Vol. 3, no. 5
pp. 189 – 207

Abstract

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Este artigo tem como objetivo analisar o Sermão 288, de Agostinho de Hipona, extraindo dali algumas notas características do chamado uerbum in corde ou uerbum cordis, que constitui parte da linguagem mental. Linguagem mental ou discurso interior é a parte da filosofia que procura explicar as atividades mentais que antecedem a linguagem falada e escrita ou, de um modo mais geral, os sinais, os sons e os gestos. Embora não seja de modo sistematizado, esse tema aparece em vários escritos de Agostinho. No Sermão 288, o uerbum pode ser de dois tipos: aquele que é proferido por meio de som e aquele que é concebido no interior do coração. A escrita é um signum do som. Em Agostinho, o uerbum in corde ou uerbum cordis possui a propriedade de significar, de ser concebido no coração, de ser conservado na memória, de viver no entendimento, de não pertencer a nenhuma língua, de permanecer íntegro no coração, de se servir do auxílio do som para se dar a conhecer a um determinado ouvinte e de ser anterior a todas as línguas, uma vez que a todas antecede. O uerbum in corde agostiniano exemplifica a linguagem mental na sua vertente latina, originada por questões teológicas acerca da Encarnação.

Keywords