Brazilian Journal of Infectious Diseases (Jan 2022)

PREVALÊNCIA DE ALTERAÇÕES RENAIS EM PESSOAS VIVENDO COM HIV EM UM MUNICÍPIO DE MÉDIO PORTE DO ESTADO DE MINAS GERAIS

  • Gilcelia Correia Santos Bernardes,
  • Nívea Aparecida de Almeida,
  • Fernanda Henriques Rocha Ribeiro,
  • Ana Paula Nogueira Godoi,
  • Thaís Lorenna Souza Sales,
  • Cristina Sanches,
  • Eduardo Sérgio da Silva

Journal volume & issue
Vol. 26
p. 102144

Abstract

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Introdução: A Doença Renal Crônica (DRC) é atualmente considerada um grande problema de saúde pública mundial. Nas últimas décadas foi registrada a estimativa de 750 milhões de pessoas no mundo com algum comprometimento renal. Pessoas vivendo com Vírus da Imunodeficiência Humana (HIV) tem uma elevada taxa de DRC quando comparados com a população em geral. Desta maneira, o objetivo desse estudo foi avaliar a prevalência de alterações renais em pessoas vivendo com HIV em um município de médio porte de Minas Gerais. Método: Estudo transversal com 336 pessoas vivendo com HIV atendidas pelo Serviço de Atendimento Especializado de Divinópolis/MG no ano de 2019/2021. Foram coletados dados sociodemográficos e resultados de creatinina mais recente. A estimativa da Taxa de Filtração Glomerular (TFG) foi calculada pela equação CKD-EPI da calculadora nefrológica brasileira. A caracterização da DRC foi realizada seguindo os critérios do KDIGO 2013 utilizando o valor da TFG. Estágio 1 (normal) ≥ 90 ml/min/1,73m2, Estágio 2 (levemente diminuída) 60-89 ml/min/1,73m2, Estágio 3a (leve a moderadamente diminuída) 45-59 ml/min/1,73m2, Estágio 3b (moderada a severamente diminuída) 30-44 ml/min/1,73m2, Estágio 4 (severamente baixa) 15-29 ml/min/1,73m2, Estágio 5 (DRC terminal) <15 ml/min/1,73m2. Resultados: Observou-se no presente estudo que 49,7% dos pacientes apresentavam a TFG < 90/mL/min/1,73m², discordando do estudo realizado no sudeste do Brasil, que obteve a prevalência de 34,1% de alterações renais em pacientes com HIV. Entretanto, essa divergência pode ser devido a diferentes estruturas de acesso ao serviço e por distintas condutas clínicas em relação a substituição de fármacos nefrotóxicos. Dentre os 336 pacientes com HIV, 66% eram do sexo masculino. A média de idade foi de 44 anos (+/-13). A prevalência de DRC no estágio 1 foi de 50,3%, estágio 2: 43,2%, estágio 3a: 4,8%, estágio 3b: 0,9%, estágio 4: 0,6%, estágio 5: 0,3%. Ao estratificar por sexo, o masculino teve maior prevalência nos estágios 1, 2 e 5, sendo 78,7%, 57% e 100% respectivamente. No sexo feminino os estágios mais prevalentes foram: 3a (68,7%), 3b (100%) e 4 (100%), corroborando com os resultados do estudo realizado por COSTA et al., 2017 no qual os estágios 3a, 3b e 4, também foram os mais prevalentes no sexo feminino. Conclusão: Observou-se a alta prevalência de alterações renais em pessoas vivendo com HIV, demonstrando que é de extrema importância mais estudos referentes a DRC.