Hematology, Transfusion and Cell Therapy (Oct 2023)

A IMPORTÂNCIA DA BIÓPSIA NO MANEJO DOS LINFOMAS ENTRE DEMAIS NEOPLASIAS: RELATO DE CASO

  • ML Soares,
  • ACS Rocha,
  • AVC Oscar,
  • JW Ferreira,
  • JS Gomes,
  • LQED Vale,
  • RM Bastos,
  • RS Ferreir-Júnior,
  • SL Mesquita,
  • GF Silva

Journal volume & issue
Vol. 45
pp. S394 – S395

Abstract

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Introdução/Objetivos: O linfoma não Hodgkin tem como um dos subtipos mais recorrentes o linfoma difuso de grandes células B (LDGCB), atingindo principalmente indivíduos a partir de 60 anos. Clinicamente, o paciente pode apresentar linfonodos aumentados, dor persistente e perda de peso. Na suspeita de recaída ou refratariedade, é sempre importante realizar uma nova biópsia para confirmar que se trata da mesma doença originalmente tratada, uma vez que podemos encontrar pacientes com neoplasias concomitantes e isso muda a trajetória deste paciente, bem como impacta na decisão terapêutica. Material e métodos: Foi realizada uma revisão do tema em literatura na base de dados do PUBMED e do SciELO e relato de 1 caso a partir do levantamento de dados no prontuário após autorização do paciente. Resultados: Paciente J.N.S, 71 anos, sexo masculino encaminhado do serviço de endocrinologia ao diagnosticar um linfoma difuso de grandes células B (LDGCB) na biópsia de linfonodo cervical direito durante estadiamento de carcinoma papilífero tireoidiano. A imunohistoquímica confirmou ser LDGCB com possibilidade de double hit com ki67 de 90%. O paciente apresentava sintomas B, era coronariopata com histórico de revascularização cardíaca e aneurisma de VE, além de diabético. O estadiamento foi IVB, feito a partir de PET CT. Ademais, não apresentava alterações em hemograma, mas os resultados do anti HBs e anti HBc se mostraram positivos iniciando profilaxia com entecavir. Foram realizados 6 ciclos de R-CHOP. Ao fim do 6°ciclo de quimioterapia, foi realizado novo PET com persistência da captação em linfonodos supraclaviculares. Foi realizada biópsia destes linfonodos que confirmou ser metástase do carcinoma papilífero tireoidiano sem outras evidências de persistência do LDGCB. O paciente foi encaminhado para endocrinologia e oncologia para tratamento com iodoterapia e tireoidectomia. Durante seguimento, após 6 meses do tratamento do carcinoma de tireóide, foi notada icterícia e realizada investigação que identificou lesão infiltrativa na cabeça do pâncreas e lesão hepática sugestiva de comprometimento secundário. O paciente foi submetido a biópsia e que identificou adenocarcinoma ductal do pâncreas. Ao estadiamento, foi observada metástase pulmonar e optado pela equipe de oncologia por tratamento com quimioterapia. Discussão: O LDGCB é um subtipo de linfoma não Hodgkin (LNH) cujo tratamento até hoje é realizado com R-CHOP e com remissão em cerca de 75% dos pacientes tratados. Na evidência de persistência da doença nos exames de imagem de avaliação de resposta, é sempre recomendado realizar nova biópsia da lesão residual a fim de documentarmos que se trata de refratariedade. Esta situação traz consigo um prognóstico mais reservado e indicação em alguns casos de tratamento com transplante de medula óssea. Conclusão: A realização das biópsias foram fundamentais para a diferenciação das doenças oncológicas no caso relatado. O LDGCB foi tratado com sucesso com o protocolo R-CHOP, resultando na remissão da doença. No entanto, durante o seguimento, foram identificados carcinoma papilífero tireoidiano e adenocarcinoma ductal do pâncreas, demonstrando a complexidade das interações entre diferentes tipos de neoplasias nestes pacientes. Este caso ressalta a importância de abordagens multidisciplinares e exames detalhados para garantir um diagnóstico e tratamento adequados em pacientes com neoplasia.