Revista de Enfermagem Referência (Jul 2012)

Contributos psicológicos para a compreensão da utilização inapropriada de um serviço de urgência pediátrica Contribuciones psicológicas a la comprensión del uso inadecuado de un servicio de urgencia pediátrica Psychological contributions to understanding inappropriate use of a pediatric emergency service

  • Susana Sofia de Oliveira Ferreira Rodrigues

Journal volume & issue
Vol. serIII, no. 7
pp. 73 – 82

Abstract

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Atualmente verifica-se uma crescente progressão do número de atendimentos de falsas urgências nos serviços de urgência pediátrica. Com o objetivo de identificar fatores psicológicos que possam contribuir para a compreensão da utilização inapropriada destes serviços, foi desenvolvido este estudo descritivo, com abordagem quantitativa. A amostra foi constituída acidentalmente por 115 díades criança-acompanhante que recorreram inapropriadamente a um serviço de urgência de um hospital pediátrico de Lisboa. Os dados foram recolhidos entre outubro e novembro de 2008 através da consulta da ficha de urgência, da entrevista e de um questionário de crenças e perceções de saúde construído para este estudo. Os resultados revelaram que em 2008 cada criança recorreu em média 5 vezes ao serviço de urgência, e que a recorrência frequente a este serviço está relacionada com as crenças positivas dos acompanhantes, nomeadamente com a confiança e segurança nos cuidados prestados e com a fácil acessibilidade a cuidados e recursos diagnósticos. A perceção da criança como frágil está também associada a uma maior recorrência ao serviço de urgência. Relativamente ao problema de saúde da criança que motivou a procura deste serviço, 52.2% dos acompanhantes consideraram ser grave e 66.1% perceberam-no como urgente. Concluindo, os fatores psicológicos podem contribuir para explicar a utilização inapropriada dos serviços de saúde.Actualmente se observa una creciente progresión del número de asistencia de falsas urgencias en los servicios de urgencia pediátrica. Con el fin de identificar los factores psicológicos que puedan contribuir a la comprensión de la utilización inadecuada de estos servicios, se realizó un estudio de carácter descriptivo con un enfoque cuantitativo. La muestra fue constituida accidentalmente por 115 parejas de niño-acompañante que recurrieron indebidamente a un servicio de urgencias de un hospital pediátrico en Lisboa. Los datos fueron recogidos entre octubre y noviembre de 2008 mediante la consulta de la hoja de urgencia, de una entrevista y un cuestionario sobre las creencias y percepciones de salud construida para este estudio. Los resultados revelaron que en 2008 cada niño recurrió 5 veces al servicio de urgencia en promedio y que la frecuente recurrencia a este servicio está relacionada con las creencias positivas de los acompañantes, en particular en lo que atañe a su confianza y seguridad en los cuidados prestados y el fácil acceso a la atención y los recursos de diagnóstico. La percepción de la fragilidad de los niños está también asociada a una mayor tasa de recurrencia al servicio de urgencias. Con respecto al problema de salud que motivó la demanda de este servicio, el 52,2% de los acompañantes lo consideró como siendo grave y el 66,1% como siendo urgente. Podemos concluir que los factores psicológicos pueden contribuir a la explicación del uso inadecuado de los servicios de salud.Currently there is a growing increase in the number of inappropriate emergency cases presenting to the pediatric emergency service. A descriptive and quantitative study was developed to identify the psychological factors that may contribute to understanding inappropriate use of these services. A convenience sample was selected and the total sample size was 115 dyads of a child-caretaker who inappropriately sought care from emergency service at a pediatric hospital in Lisbon. Data were collected between October and November in 2008 using the emergency service records, interviews and a questionnaire on beliefs and health perceptions constructed for this study. The results revealed that in 2008 each child presented on average 5 times to the emergency service. The frequent use of this service was related to positive beliefs of caretakers, such as trust and confidence in the care received and easy access to care and diagnostic services. The perception of children as fragile was also associated with greater recurrence of emergency service use. Regarding the child health problem behind requesting use of this service, 52.2% of caregivers considered the status of the child to be serious and 66.1% perceived it as urgent. In conclusion, psychological factors may contribute to explaining inappropriate use of health services.

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