Hematology, Transfusion and Cell Therapy (Oct 2021)

RELATO DE CASO: LEUCEMIA CRÔNICA DE LINFÓCITOS GRANDES GRANULARES

  • JVV Costardi,
  • JR Corrêa,
  • RNS Antunes,
  • TAS Pereira,
  • FPD Santos,
  • JT Fukasawa,
  • DC Aguiar,
  • GH Rodrigues

Journal volume & issue
Vol. 43
pp. S120 – S121

Abstract

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Introdução: A leucemia de grandes linfócitos granulares (LGLG) é um tipo raro de doença clonal caracterizada pela infiltração periférica e medular de células linfocíticas grandes hipergranulares associada a esplenomegalia e citopenias. Compreende cerca de 2-5% de todas as malignidades de células T/NK, acometendo faixas etárias mais avançadas e apresenta comportamento clínico indolente na maior parte dos casos, porém pode evoluir com formas agressivas associado a anemias hemolíticas autoimunes, e esplenomegalia maciça, com alta mortalidade. Objetivo: Este relato tem por objetivo relatar um caso raro de leucemia de linfócitos grandes granulares. Metodologia: Paciente feminino 51 anos, sem comorbidades, apresentou quadro em 2009 de anemia intensa dependente de transfusão associado a esplenomegalia volumosa. Na ocasião, optado pela esplenectomia seguido de quimioterapia, com hipótese de Linfoma de células T. Após procedimento, evoluiu com normalização dos níveis de hemoglobina até 2017, quando passou novamente a apresentar quadro de anemia leve, evoluindo em 2019 com intensificação desta anemia autoimune, sendo refratária a transfusões e à corticoterapia. Solicitado análise medular, com presença de 33% de linfócitos com subpopulação de linfócitos grandes granulares. Na citometria de fluxo, demonstrado 32,52% de células CD3++ com diminuição de intensidade de CD8, CD2 e CD5, CD 57 het, com negatividade do último por parte da população, expressão heterogênea de CD7 e positividade para marcadores de diferenciação NK CD16/56, com CD27 e TCL negativos. Biópsia e Imuno-Histoquímica de Medula Óssea não foram conclusivos. Foi solicitado estudo de rearranjo TCR no laboratório de Citometria do Albert Einstein, com presença de monoclonalidade em TCR-V-beta. Iniciado então, terapia com Metotrexato semanal e corticoterapia, porém com falha após quase 6 meses de tratamento. Iniciado terapia com Ciclofosfamida por 8 meses, com resposta satisfatória, permanecendo em níveis de hemoglobina controlados até este ano, quando passou a apresentar piora dos níveis hematimétricos, sendo iniciado terapia com Ciclosporina atualmente. Discussão: A forma LGLG-T indolente representa mais de 80% dos casos, com maior acometimento entre os idosos, fazendo com que as LGL-NK se tornem ainda mais raras. A etiologia da LGLG ainda é desconhecida, mas acredita-se que mecanismos autogênicos ou antígenos virais possam levar a ativação das células T, levando cronicamente a um estímulo que ocasionaria a síntese aumentada de GLGs. A apresentação clínica da doença dependerá essencialmente do subtipo citológico envolvido, podendo ser: LGLG-T indolente, LGLG-T variante agressiva, LGLG- NK agressiva, Linfocitose NK crônica indolente. Para os pacientes portadores de LGLG-NK que se apresentam oligossintomáticos, com evolução clínica mais favorável, como é o caso da paciente relatada, pode-se tentar os esquemas terapêuticos descritos para os casos de LGLG-T com imunossupressores, como Metotrexato, a Ciclofosfamida e a Ciclosporina. Entretanto, caso evolução desfavorável, pode ser considerada a poliquimioterapia. Conclusão: Apesar dos avanços na etiopatologia, diagnóstico e tratamento, a raridade desta doença dificulta sua plena caracterização e consequentemente melhor terapêutica. A necessidade de exames como imunofenotipagem e teste de clonalidade, restritos a poucos centros, torna seu diagnóstico ainda mais limitado. Portanto, esta patologia deve fazer parte do diagnóstico diferencial de citopenias e linfocitoses.