Brazilian Journal of Infectious Diseases (Oct 2023)

POTENCIAL ANTIFÚNGICO IN VITRO DE COMPOSTOS NAFTOQUINÔNICOS CONTRA CANDIDA ALBICANS

  • Daniela Carolina Simião,
  • Raquel Geralda Isidório,
  • Adrielle Pieve de Castro,
  • William Gustavo de Lima,
  • Ricardo José Alves,
  • Valbert Cardoso Nascimento,
  • Simone Odília Antunes Fernandes

Journal volume & issue
Vol. 27
p. 102868

Abstract

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Introdução/Objetivo: Nos últimos anos, houve um aumento significativo na incidência de infecções causadas por fungos, principalmente em pacientes imunossuprimidos. Dentre esses microrganismos, o gênero Candida é o mais frequentemente identificado. Diante do limitado arsenal terapêutico disponível e a crescente taxa de resistência aos antifúngicos torna evidente a necessidade de pesquisar e desenvolver novos agentes antifúngicos. É descrito na literatura o uso de compostos derivados da naftoquinona como agentes antineoplásicos, antiparasitários e antivirais, entretanto o potencial antifúngico ainda é pouco explorado. Nesse contexto, o presente estudo objetivou elucidar o potencial antifúngico in vitro de compostos naftoquinônicos contra Candida albicans. Metodologia: O efeito biológico dos compostos foi avaliado contra Candida spp. por meio da Concentração Inibitória Mínima e Concentração Fungicida Mínima. Para os compostos que apresentaram atividade, foi também determinado o efeito sinérgico através do ensaio de tabuleiro de damas, efeito ressensibilizante com antifúngicos comerciais, cinética de morte, mecanismo de ação, resistência induzida e efeito sobre fatores de virulência (biofilme e transição levedura-hifa) Resultados: Observou-se então que os compostos RGI-20 e APO-4 apresentaram CIM = 16 μg/mL para Candida albicans 10231 sendo fungicidas nessa concentração. Esses mesmos compostos foram capazes de re-sensibilizar os antifúngicos cetoconazol e miconazol, tendo o APO-4 atuado de maneira sinérgica com antifúngicos azólicos (cetoconazol, miconazol, itraconazol) e polienos (nistatina e anfotericina B). RGI-20 e APO-4 apresentaram ainda atividade fungicida máxima em 12 e 6 horas respectivamente, e não apresentaram resistência induzida no período de 21 dias. O efeito antifúngico desses compostos não está relacionado com a capacidade de se ligar ao ergosterol da membrana de leveduras de C. albicans, nem com ação na parede celular através do sorbitol. Em adição, reduziram visualmente a transição levedura-hifa em concentrações subinibitórias, reduziram de maneira significativa a formação de biofilme em concentrações ≥4 μg/mL e também atuaram sobre o biofilme maturo em concentrações ≥128 μg/mL). Conclusão: Em conclusão, os resultados mostram que esses compostos apresentam potente efeito antifúngico in vitro, apresentando atividade promissora no tratamento de infecções superficiais ou invasivas por C. albicans.

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