Hematology, Transfusion and Cell Therapy (Oct 2024)

MIELOMA MÚLTIPLO: AVALIAÇÃO EPIDEMIOLÓGICA NO BRASIL

  • HM Teano,
  • MM Mantovani,
  • AJO Gomes,
  • DF Gonçalves,
  • GP Hruschka,
  • IJO Costa,
  • MA Diniz,
  • VA Bastos,
  • CM Duarte,
  • L Niero-Melo

Journal volume & issue
Vol. 46
p. S524

Abstract

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Introdução: Mieloma Múltiplo (MM) é neoplasia hematológica caracterizada pela proliferação de clone de plasmócitos, mutado em órgão linfoide secundário (OL2), mas que encontra microambiente favorável na medula óssea (MO), com síntese de proteína monoclonal (M) e danos a órgãos-alvo. A prevalência do MM tem acompanhado o aumento de expectativa de vida, o que demanda melhor compreensão de sua epidemiologia no Brasil, objetivando maiores esclarecimentos em relação à etiopatogenia da doença. Objetivo: Analisar pacientes portadores de MM, a partir de informações do Atlas de Mortalidade por Câncer do Instituto Nacional de Câncer (INCA), relacionando-os à literatura. Metodologia: Estudo de caráter retrospectivo descritivo em abordagem quantitativa, apoiado por análise de dados digitais dos registros em Atlas de Mortalidade por Câncer - Instituto Nacional de Câncer (INCA), de 1979 a 2022. Tais dados são de domínio público e estão disponíveis em www.inca.gov.br, sendo dispensável o parecer do Comitê de Ética em Pesquisa (CEP) em seres humanos. Os dados foram avaliados via software Google Planilhas. Na análise da mortalidade, os dados foram organizados conforme CID-10 (CID-C90), selecionando os CIDs de interesse no Atlas de Mortalidade por Câncer (Modelos 1, 2 e 10). Para análise das taxas de mortalidade, foram considerados os números absolutos de óbitos/ano, bem como sua distribuição por faixa etária. Resultados e discussão: Pacientes do sexo feminino (51,4%) e a faixa etária de 60 a 69 anos (23,9%) são os mais acometidos. A maioria dos óbitos no período de 1979 a 2022 foi de pacientes do sexo masculino (50,89%), sendo de 60 a 69 anos a faixa etária mais afetada. Entre os anos de 1988 a 2020, a incidência aumentou em 411,70% e a mortalidade em 410,79%. A porcentagem de óbitos com relação à incidência de mortes por neoplasias aumentou 115,49%, de 0,71% (0,71% homens, 0,71% mulheres) para 1,53% (1,53% homens, 1,53% mulheres). Conclusão: O estudo permitiu análise epidemiológica do MM no período de 1979 a 2022, revelando que a prevalência entre os sexos foi semelhante: 51,4% para mulheres e 48,6% para homens. A faixa etária mais acometida foi de 60 a 69 anos, corroborando a hipótese de possível relação entre o aumento da expectativa de vida e maior prevalência, bem como a mortalidade do MM em população idosa. Evidenciou-se, portanto, um crescimento significativo, tanto na incidência quanto na mortalidade do MM ao longo dos anos, o que poderia ser atribuído, em parte, à melhoria ao acesso a centros de diagnóstico especializados. Esses achados ressaltam a importância de monitoramento contínuo e de políticas de saúde direcionadas para diagnóstico precoce e tratamento eficaz do MM, especialmente na população idosa. Além disso, reforçam a necessidade de desenvolvimento de estratégias de intervenção, que possam reduzir a mortalidade associada a esta doença cada vez mais comuns nos centros assistenciais.