Brazilian Journal of Infectious Diseases (Oct 2024)

EP-165 - SIMPLIFICAÇÃO PARA TERAPIA DUPLA COM DOLUTEGRAVIR + LAMIVUDINA - EXPERIÊNCIA DE VIDA REAL DE UM CENTRO ÚNICO NO BRASIL

  • Lucas Rocker Ramos,
  • Ana Caroline Coutinho Iglessias,
  • Álvaro Furtado da Costa,
  • Mariza Vono Tancredi,
  • Adriana Sanudo,
  • Natália Mercedes Cestari,
  • Maria Felipe Faustino de Medeiros,
  • Camila Moraes,
  • José Valdez Ramalho Madruga,
  • Roberta Schiavon Nogueira

Journal volume & issue
Vol. 28
p. 104087

Abstract

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Introdução: Com a limitação de esquemas terapêuticos para individualização do tratamento do HIV no Brasil pelo Sistema Único de Saúde, a simplificação é uma das estratégias de individualização para pessoas que vivem com HIV (PVHA) com comorbidades-toxicidades. Objetivo: Avaliar fatores associados a indicação de simplificação para terapia dupla baseada em Dolutegravir + Lamivudina. Método: Estudo de coorte retrospectivo avaliou PVHA no CRT DST/AIDS, São Paulo, utilizando Dolutegravir + Lamivudina por ≥48 semanas. Os dados foram coletados de prontuários, sistema de controle de medicamentos e de controle laboratorial e inseridos na plataforma REDCap. A análise foi realizada utilizando modelo de regressão de Poisson modificado não ajustado e multivariado. Resultados: No serviço, de 7.000 PVHA, 919 eram elegíveis. A mediana de uso de TD (terapia dupla) foi de 26,2 meses. Mediana de idade de 50,8 anos, com 82,3% designados do sexo masculino ao nascer; 69,3% raça branca. Tempo médio desde o diagnóstico de HIV foi 11,8 anos; tempo médio de exposição à TARV 9,1 anos; mediana de regimes de TARV anteriores foi de 3. Principais motivos para uso de TD: conveniência posológica (29,9%), comorbidades-toxicidades renais (21,8%) e ósseas (21,7%). Em relação à conveniência posológica, indivíduos com ≤ 5 anos de uso de TARV tiveram probabilidade 1,7 vezes maior de iniciar TD do que aqueles com ≥ 15 anos (RP = 1,69; IC95%: 1,26 – 2,27, p < 0,001). Para comorbidade-toxicidade renal, raça e idade foram fatores independentes para TD (p = 0,006 e p = 0,004). A raça negra teve chance 1,7 vezes maior de TD do que a branca (RP = 1,74; IC95%: 1,18 – 2,57), e aqueles com idade entre 50 e 69 anos tiveram chance 2,6 maior em comparação com 18 a 29 anos (RP = 2,58; IC95%: 1,48 – 4,45). Sexo e idade foram fatores independentes para início de TD em relação a comorbidade-toxicidade óssea (p = 0,001 e p < 0,001). Indivíduos do sexo feminino ao nascer tiveram chance 1,6 vezes maior de uso de TD do que do sexo masculino (RP = 1,57; IC95%: 1,21 – 2,04), e aqueles com idade entre 50 e 69 anos tiveram probabilidade 3,9 maior em comparação aos de 18 a 29 anos (RP = 3,92; IC95%: 1,87 – 8,18). Conclusão: O estudo destaca as comorbidades-toxicidades como os principais motivos do uso de TD em idosos que vivem com HIV. Estes achados estão alinhados com as diretrizes nacionais e podem reforçar o desenvolvimento de políticas de saúde pública, enfatizando a importância de abordagens terapêuticas personalizadas para PVHA.