Travessias (Apr 2024)

A mordaça

  • Maria Amélia Dalvi,
  • Vitor Cei

DOI
https://doi.org/10.48075/rt.v18i1.32148
Journal volume & issue
Vol. 18, no. 1

Abstract

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Dramaturgia cômico-satírica que flerta com o teatro do absurdo, cuja cena ficcional é uma reunião de departamento em uma universidade pública, no contexto brasileiro coetâneo; define a artificialidade, a falta de uma perspectiva de totalidade em face da situação problemática e a hipocrisia como elementos nucleares dos discursos. A constelação de sujeitos ficcionais, em suas relações, faz emergir questões históricas, sociais e ideológicas, afins ao universo letrado. O argumento é a normalização da precarização do trabalho nas universidades. O protagonista, participante da luta sindical contra a hiperexploração e o adoecimento docente, reivindica a compatibilização entre sua jornada laboral e contratual; ao solicitar dispensa dos encargos excedentes, sua demanda é reendereçada ao campo pessoal, como algo a ser tratado na esfera privada, obnubilando a dimensão coletiva da questão. As interlocuções foram permeadas por estratégias que visavam ridicularizá-lo, revelando um ideário – que nega sistematicamente os direitos trabalhistas dos servidores públicos (por alienação, cinismo ou niilismo) e reprime a capacidade de criticar o presente e planejar o futuro – afim aos neofascismos contemporâneos.

Keywords