Hematology, Transfusion and Cell Therapy (Oct 2023)

FUSARIOSE EM PACIENTE COM LINFOMA LINFOBLÁSTICO T - RELATO DO CASO

  • FC Domingos,
  • BM Borges,
  • IAS Plentz,
  • MB Carneiro,
  • GF Colli,
  • IZ Gonçalves,
  • IA Siqueira,
  • NS Castro,
  • MC Silva

Journal volume & issue
Vol. 45
pp. S377 – S378

Abstract

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Objetivo: Relatar um caso de infecção fúngica invasiva por fusarium em paciente com Linfoma Linfoblástico T. Relato de caso: P. F. M. C., 38 anos, sexo feminino, deu entrada em nosso serviço em fevereiro de 2021 com diagnóstico de Linfoma Linfoblástico T IVB com infiltração de pleura e bulky mediastinal. Foi iniciado tratamento com protocolo BFM-NCRI. Durante o tratamento, paciente manteve necessidade de intervenções recorrentes devido a derrame pleural de repetição e apresentou diversos episódios de neutropenia febril. Em novembro de 2021 foi suspenso o tratamento por progressão de doença e iniciada quimioterapia de resgate com Hypercvad, mantendo refratariedade da doença. Em março de 2022, iniciou quimioterapia com FLAG. Em abril de 2022, durante o período de neutropenia, paciente apresentou sepse de foco cutâneo, secundária a lesão em segundo pododáctilo direito, sendo tratada conforme protocolo institucional (cefepime e vancomicina). Após cinco dias evoluiu com novas lesões em ponta nasal, mão esquerda e coxa direita associadas a artralgia, piora e aumento quantitativo das lesões, estas, eritemato purpúricas, equimóticas e com alguns nódulos, todos pruriginosos. Foi aventada a hipótese de fusariose disseminada, sendo realizada biópsia pela equipe de dermatologia e iniciado tratamento empírico com voriconazol, associado, posteriormente, anfotericina B. O anatomopatológico confirmou o diagnóstico de fusariose. Paciente apresentou melhora clínica e laboratorial, recebeu alta hospitalar após 23 dias de internação e manteve tratamento ambulatorial com voriconazol. Quanto ao linfoma linfoblástico T, paciente manteve-se refratária aos tratamentos instituídos, evoluindo a óbito em 22 de maio de 2022. Discussão: A infecção pelo fungo da espécie Fusarium é a segunda mais frequente em casos de infecções fúngicas invasivas. Acomete pacientes imunocomprometidos, principalmente pacientes hematológicos. Podem apresentar febre, sinusopatias, pneumonia e lesões cutâneas em alvo - presentes em mais de 60% dos casos de fusariose invasiva. Em 40% dos casos, o diagnóstico é realizado por hemocultura e em mais de 50% por biópsia cutânea, que precede a positividade da hemocultura. A neutropenia grave é o principal fator prognóstico para o desfecho dessa patologia. O tratamento precisa ser intensivo. Estudos mostraram que a Anfotericina B é eficaz, porém, em alguns casos, tem se mostrado refratária. O voriconazol mostrou-se eficaz e seguro no tratamento de fusariose, além de poder ser associado a Anfotericina B com possibilidade de melhor desfecho, como aconteceu no caso relatado. Conclusão: A fusariose disseminada é uma doença com alto índice de mortalidade, acometendo principalmente pacientes imunocomprometidos, em quimioterapia ou pós transplante de medula óssea. O início precoce do tratamento, bem como recuperação neutrofílica são imprescindíveis para um melhor desfecho clínico.