Hematology, Transfusion and Cell Therapy (Oct 2024)
ANEMIA HEMOLÍTICA MICROANGIOPÁTICA SECUNDÁRIA À NEOPLASIA MAMÁRIA METASTÁTICA: UM DESAFIO DIAGNÓSTICO NA PRÁTICA CLÍNICA
Abstract
Introdução: A anemia hemolítica microangiopática (maha) é caracterizada por hemólise não imune em decorrência do cisalhamento intravascular dos eritrócitos. Objetivo: Discutir um caso de anemia hemolítica microangiopática secundária à neoplasia mamária metastática com apresentação clínico-laboratorial compatível com púrpura trombocitopênica trombótica. Relato de caso: Paciente de 51 anos, sexo feminino, admitida com história de astenia e hiporexia há um mês, evoluindo com lombalgia, cefaleia holocraniana de forte intensidade e desorientação tèmporo-espacial há 10 dias. Antecedente pessoal de neoplasia de mama ductal invasivo (t3n1amx), submetida à quadrantectomia e esvaziamento axilar, radioterapia e quimioterapia (adriblastina/ciclofosfamida/docetaxel/paclitaxel) + hormonioterapia (tamoxifeno/anastrazol). Permanecia em acompanhamento oncológico regular, sem evidência de doença em atividade, com reestadiamento com cintilografia óssea e mamografia sem alterações no último ano. À admissão, encontrava-se hipocorada (+/4+), ictérica (+/4+), desorientada, com lentificação de fala, instabilidade postural e diminuição de força em membros inferiores. Laboratório de admissão com hb: 8,5 g% (vcm: 91 fl; hcm: 30.6 pg; rdw: 24%. Com policromasia + numerosos esquizócitos + pontilhado basófilo + 60 eritroblastos/100 gb), leucócitos de 9630/mm3 e plaquetopenia (31.000/mm3); reticulócitos: 9,9% (219.000/uL); creatinina: 0,8 mg/dL; bilirrubina total: 2,95 mg/dL (indireta: 2,44 mg/dL); tgo: 197 u/L; tgp: 74 u/L; dhl: 2382 u/L; inr: 1,2, tomografias de tórax e abdome com moderado derrame pleural bilateral e múltiplas lesões osteolíticas difusas e tomografia de crânio sem alterações. Quatro dias após a admissão, evoluiu com piora da bicitopenia: hb: 5.2 g% (vcm: 86 fl; hcm: 33,5 pg) e pqt: 16.000 /mm3. Escore plasmic calculado de 06 pontos (indisponibilidade de adamts13 no serviço). Iniciado plasma fresco congelado, pulsoterapia com metilprednisolona 500 mg/dia (programados 03 dias), solicitado plasmaférese terapêutica ao serviço de apoio, quimioterapia com paclitaxel e realizada biópsia de medula óssea cujo resultado foi compatível com adenocarcinoma metastático. Suspensa a indicação de plasmaférese e mantido o tratamento quimioterápico de resgate. Paciente evoluiu com melhora completa dos sintomas, bem como normalização de todos os parâmetros hematológicos. Discussão: A maha frequentemente está associada à ptt ou à síndrome hemolítico-urêmica. Dentre outras causas destacam-se entidades neoplásicas, infecções e doença hipertensiva da gestação. Nos casos dos pacientes com diagnóstico prévio de neoplasias, o desenvolvimento de maha pode estar associado à própria neoplasia (principalmente nos adenocarcinomas com metástase medular) ou ao tratamento quimioterápico. Conclusão: Diferenciar a etiologia de base é importante por impactar diretamente no prognóstico e nas estratégias terapêuticas disponíveis.