Revista Brasileira de Educação Médica ()

Prevalência e Fatores Associados ao Consumo de Álcool e Tabaco entre Estudantes de Medicina no Nordeste do Brasil

  • Marcelo de Almeida Pinheiro,
  • Levi Freitas Torres,
  • Matheus Sales Bezerra,
  • Rodrigo Cardoso Cavalcante,
  • Raquel Diógenes Alencar,
  • Amanda Carneiro Donato,
  • Camila Pontes Bessa Campêlo,
  • Ileana Pitombeira Gomes,
  • Carlos Henrique Alencar,
  • Luciano Pamplona de Góes Cavalcanti

DOI
https://doi.org/10.1590/1981-52712015v41n2rb20160033
Journal volume & issue
Vol. 41, no. 2
pp. 231 – 239

Abstract

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RESUMO Introdução O consumo de derivados de tabaco e álcool é apontado como importante causa de doenças e agravos no mundo. No Brasil, há um aumento no consumo dessas drogas entre os jovens, principalmente estudantes universitários. Objetivo Conhecer a prevalência e os fatores associados ao tabagismo e consumo de bebidas alcoólicas entre estudantes de Medicina, além do nível de conhecimento acerca das técnicas de cessação do hábito tabagista em diferentes momentos da vida acadêmica. Métodos Estudo analítico, de prevalência, envolvendo estudantes de Medicina de Fortaleza, Ceará, Brasil. Foram selecionadas todas as escolas médicas e os estudantes do primeiro ano (S1/S2), quarto ano (S7/S8) e aqueles do último ano do internato (I3/I4). A amostra foi calculada considerando uma frequência esperada de 10% de pessoas fumantes, com um erro de 3%, estimando 726 estudantes das quatro instituições. Foi aplicado um questionário estruturado, com 46 perguntas. Os dados foram analisados pelo software Stata 11.2. Resultados Foram entrevistados 1.035 estudantes, distribuídos proporcionalmente nos três períodos, 392 (37,9%) do primeiro ano (S1-S2), 319 (30,8%) do quarto ano (S7-S8) e 324 (31,3%) do internato (I3-I4). Quinhentos e cinquenta e três (53,4%) eram do sexo feminino, a maioria era solteira (993; 96,3%), nascidos em Fortaleza (748; 72,4%), residiam com os pais (896; 86,8%) e com renda familiar acima de dez salários mínimos (652; 61,8%). Ao todo, 533 (51,5%) eram alunos de instituições particulares. Do total, 254 (24,6%) já haviam fumado. Esse consumo foi significativamente maior entre o sexo masculino (p = 0,025), sem diferença em relação ao estado civil (p = 0,247) ou renda familiar (p = 0,191). Todos os acadêmicos que experimentaram alguma substância derivada do tabaco já haviam ingerido bebida alcoólica alguma vez na vida (p < 0,000). O consumo de álcool foi referido por mais de 80% dos estudantes, sendo maior entre aqueles cuja família apresentou renda superior a nove salários mínimos (p = 0,001). Houve relato de embriaguez em mais de 70% dos estudantes, tendo esse fato ocorrido antes dos 18 anos. Cerveja e vodca são as bebidas mais consumidas. Apenas 39,5% afirmaram estar aptos a aconselhar um paciente a não ingerir bebidas alcoólicas e apenas 28,4% receberam algum treinamento sobre o assunto em sua universidade. Conclusão A prevalência do consumo de álcool é muito elevada entre os estudantes de Medicina, principalmente entre aqueles que relataram fumar. Esses temas são abordados de forma incipiente em sua formação. É preciso reforçar esses aspectos na formação desses futuros profissionais de saúde.

Keywords