Jornal de Assistência Farmacêutica e Farmacoeconomia (Feb 2023)

Custo da doença em infecções por micro-organismos resistentes em pacientes críticos

  • Bianca Caroline Salvador,
  • Bruno Salgado Riveros,
  • Rosa Camila Lucchetta,
  • Bernardo Montesanti Machado de Almeida,
  • Keite da Silva Nogueira,
  • Helena Hiemisch Lobo Borba,
  • Astrid Wiens Souza

DOI
https://doi.org/10.22563/2525-7323.2019.v4.s1.p.56
Journal volume & issue
Vol. 4, no. s.1

Abstract

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Introdução: Infecções por patógenos resistentes a antimicrobianos impactam na morbimortalidade, conduta clínica e custos da doença. A Organização Mundial de Saúde elencou bactérias resistentes relevantes globalmente, pelo impacto na saúde pública; dentre as quais estão as bactérias gram-negativas resistentes a carbapenêmicos (CRGNB), os enterococos resistentes à vancomicina (VRE) e o Staphylococcus aureus resistente à meticilina (MRSA). Objetivos: Objetivou-se compilar os custos da infecção por MRSA, VRE ou CRGNB, em pacientes adultos internados em unidades de cuidado crítico (UCC), tendo como modelo o Complexo Hospital de Clínicas da Universidade Federal do Paraná (CHC-UFPR). Métodos: Para avaliação do custo da doença, os cálculos da terapia farmacológica (TF) foram realizados com base no “Guia de uso racional de antimicrobianos: diretrizes de uso e prevenção de infecções” do CHC-UFPR. Para medicamentos com dose dependente do peso definiu-se 70kg. A perspectiva considerada foi a do Sistema Único de Saúde (SUS) e, portanto, os valores dos medicamentos foram extraídos da lista da Câmara de Regulação do Mercado de Medicamentos 04/19, considerando o preço máximo de venda ao governo e imposto sobre circulação de mercadorias e serviços de 18%; valores das técnicas diagnósticas (Metodologia: convencional) foram extraídos do sistema de gerenciamento da tabela de procedimentos, medicamentos, órteses, próteses e materiais especiais do SUS, 04/19; preços dos materiais médico-hospitalares utilizados na administração do medicamento e no diagnóstico, foram coletados no banco de preços em saúde, período 10/18 a 04/19. Contabilizou-se o custo da diária hospitalar do paciente em UCC, incluindo custos diretos, utilizando dados de 2018 do CHC-UFPR. Resultados: O diagnóstico somou custo médio de R$43,60 (min. 37,48 – máx. 49,71), independente da etiologia. O valor médio da diária hospitalar totalizou R$1353,73 (753,79- 2033,25). O agente causal e foco da infecção levam a variações na TF, refletindo nos custos. Em infecções por MRSA o preço médio diário da TF de escolha foi de R$97,94 (65,50-129,92) (infecção de corrente sanguínea – ICS, de partes moles, osteoarticular, pneumonia – PNM ou endocardite) e R$146,91(98,25-194,88) (sistema nervoso central – SNC). Infecções por VRE apresentaram preço médio diário da TF desde R$307,48 (300,82-323,50) (infecção intra-abdominal – IIA, manutenção) a R$460,11 (450,60-482,77) (IIA, dose de ataque). A TF diária de infecções por CRGNB apresentaram valores mais distintos: R$19,99 (8,96-32,94) para infecção do trato urinário e R$1.456,17 (804,29-2172,44) para ICS, IIA, do SNC ou PNM. Conclusão: Os dados compilados ilustram o alto custo de infecções por MRSA, VRE e CRGNB em pacientes adultos críticos. Tais custos impactam no orçamento público, salientando a importância de alternativas para minimizar o custo dessas infecções; como técnicas de diagnóstico rápidas, a fim de adequar a terapia e evitar a disseminação dos patógenos.