Caderno de Educação Física e Esporte (Jul 2024)

Morreu e ressuscitou! Uma leitura foucaultiana sobre o caso do jogador de futebol Christian Eriksen

  • Leonardo Hernandes de Souza Oliveira,
  • Eduardo Pinto Machado,
  • Alan Camargo Silva

DOI
https://doi.org/10.36453/cefe.2024.32672
Journal volume & issue
Vol. 22

Abstract

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INTRODUÇÃO: A morte súbita caracteriza-se por uma parada cardiorrespiratória repentina que leva o praticante a óbito, em geral, quando alcança níveis altos de esforço físico. Em atletas de todas as idades, inclusive no futebol, nota-se um aumento do número de casos, mesmo diante de um investimento médico-tecnológico em estratégias preventivas. Este ensaio não desconsidera as implicações biológicas da morte súbita, mas visa investigá-la pela ótica das Ciências Humanas e Sociais, mais precisamente pelas perspectivas teórico-metodológicas de Michel Foucault e Nikolas Rose. Assim, objetivou-se analisar como especificamente a morte súbita do jogador de futebol Christian Eriksen pode revelar questões sobre as diferentes racionalidades de saúde e risco presentes nas práticas corporais e esportivas. DESENVOLVIMENTO: O encaminhamento teórico fundamentou-se nas teorizações (pós-) foucaultianas sobre controle e gestão dos corpos para pensar o viver e o morrer, principalmente nas interconexões entre espetáculo e biopolítica e no controle exercido por dispositivos artificiais e tecnológicos. Esta perspectiva teórica sobre morte súbita pela via biopolítica assume importância significativa para a Educação Física, pois entende-se que a regulação dos corpos em movimento não pode se resumir a lógica da racionalidade biomédica, incorporando outras sensibilidades discursivas sobre práticas de exercícios e saúde. CONCLUSÃO: Em suma, captou-se como as noções de vida-morte e os mecanismos médico-tecnológicos são regulados e gerenciados em prol de um sujeito de performance que, a todo instante, se torna autocontrolado sob verdades que modulam o biológico no contexto das práticas corporais e esportivas. A potência analítica deste ensaio leva as reflexões para além da mera consideração da “finitude da vida” ao examinar como estruturas de poder, controle e discursos moldam as compreensões da morte e as múltiplas práticas de cuidado em distintos espaços sociais.

Keywords