Custo da prevenção e tratamento de feridas crônicas: um desafio para enferma- gem

Abstract

As feridas crônicas são consideradas um desafio para os profissionais devido à dificuldade de cicatrização e grande repercussão para o indivíduo e sua qualidade de vida. O custo do tratamento das feridas crônicas tem se tornado uma preocupação tanto para o paciente e sua família, como para gestores e sistemas de saúde. A cada dia novas tecnologias para o tratamento de feridas são lançadas no mercado, com o objetivo de favorecer a cicatrização, promover alívio da dor, proporcionando mais conforto e qualidade de vida ao paciente e manejo adequado do leito da ferida de acordo com a avaliação clínica. Diante disso, o cuidado clínico realizado aos portadores de feridas crônicas torna-se bastante complexo, porque além do conhecimento científico e clínico para avaliação da ferida, há necessidade da tomada de decisão em relação a qual tecnologia deve ser utilizada considerando o custo envolvido nesse tratamento. Nesse contexto, torna-se necessária uma avaliação criteriosa na escolha de tratamentos efetivos, seguros e com menor custo. Avaliação de Tecnologias em Saúde é um campo multidisciplinar que aborda os impactos da tecnologia. Contribui com a pesquisa e produção de informações, baseadas em critérios de: efetividade, custo, risco, impacto do seu uso, segurança e critérios éticos para uso apropriado de tecnologias e sua necessidade . A utilização da avaliação econômica de tecnologias em saúde gera informação para orientar os profissionais da saúde acerca da necessidade e dos meios para redução dos custos dentro do sistema de saúde, através da escolha da melhor opção tecnológica considerando o menor custo e maior efetividade para o tratamento das úlceras venosas . Ao longo dos anos, observa-se o crescimento do número de enfermeiros envolvidos em Pesquisas Clínicas, Avaliação de Tecnologias em Saúde e Avaliações Econômicas em Saúde. A preocupação com a tomada de decisão na alocação de recursos e com a sustentabilidade do sistema de saúde é tema de pautas políticas tanto no sistema de saúde pública como nas instituições privadas. Ao pensar na escolha da tecnologia para prevenção ou tratamento é preciso refletir o quanto isso vai impactar financeiramente o sistema de saúde e, numa perspectiva individual, o quanto isso vai se refletir para o portador de úlcera e sua família. Ademais, estudos de custos podem abranger custos diretos ou indiretos. Os custos diretos estão relacionados ao produto ou cobertura, aos insumos e os recursos humanos, seja no atendimento ambulatorial, hospitalar ou domiciliar, considerando o tempo despendido para realização do cuidado. Além disso, também podem ser considerados os custos não relacionados ao ambiente do cuidado como o deslocamento do indivíduo até o local e o número de vezes que terá que realizar esse deslocamento durante o tratamento. Os custos indiretos consideram aspectos como o impacto da doença, a morbidade, a mortalidade e a perda da produtividade do indivíduo na sociedade . Ao longo dos últimos anos, no Brasil, o número de artigos que aborda a temática custo vem crescendo, principalmente no que tange à produção pela enfermagem, mas ainda é um desafio, visto que a maioria dos artigos publicados é de análises parciais de custo2 . Dessa forma, sugere-se desenvolver análises econômicas que envolvem, além da análise dos custos diretos, a efetividade das tecnologias analisadas nos desfechos clínicos e o quanto impactam na qualidade de vida dos indivíduos, como as análises de custo- efetividade. Consideradas como “método mais indicado para a avaliação de duas ou mais alternativas terapêuticas, procedimentos ou serviços de saúde”, pois permitem a análise combinada de desfechos clínicos e custos, sendo um instrumento auxiliar no processo decisório para escolha de tecnologias mais eficientes . É preciso utilizar, nas análises econômicas, evidências de boa qualidade que possam respaldar a tomada de decisão, visto que o uso de uma determinada tecnologia envolve gestores, profissionais de saúde, fornecedores e usuários . Para tanto, os enfermeiros devem desenvolver, além da competência técnica no exercício profissional, a capacidade de tomar decisões gerenciais e administrativas quanto aos recursos tecnológicos para o cuidado clínico, habilidades políticas e de liderança, com participação responsável e de forma interdisciplinar