Jornal de Pediatria (Jan 2002)
O uso de medicamentos em puérpuras interfere nas recomendações quanto ao aleitamento materno?
Abstract
Objetivo: estudar a freqüência do uso de medicamentos no pós-parto imediato e verificar possíveis interferências nas recomendações quanto à amamentação.Métodos: foi realizado um estudo transversal em quatro maternidades de Belo Horizonte, no período de julho de 1998 a julho de 1999, incluindo 2.173 parturientes. A amostra foi calculada com base em dados da Secretaria Municipal de Saúde sobre o número de partos ocorridos nessas instituições, no ano de 1995, ou seja, em torno de 5% do total em um ano. A distribuição da amostra foi aleatória, utilizando o calendário de semanas epidemiológicas. Através de entrevistas junto às mães, usando um questionário próprio, e da coleta de dados obtidos de prontuários médicos da mãe e do recém-nascido, foi avaliada a freqüência do uso de medicamentos no pós-parto imediato. Os medicamentos foram agrupados em categorias quanto à compatibilidade com amamentação, à incompatibilidade, ao uso criterioso em monitorar e observar o recém-nascido para possíveis efeitos indesejáveis.Resultados: de um total de 2.173 mulheres, em 2.090 (96,2%) foram prescritos medicamentos no pós-parto imediato. Dos medicamentos utilizados, 2.054 (98,3%) foram de drogas sem contra-indicação à amamentação natural; 338 (16,2%) foram de drogas sem informações seguras, e 3 (0,14%) de drogas contra-indicadas à amamentação. Conclusões: observou-se um amplo uso de medicamentos pelas mães nas maternidades de Belo Horizonte, no pós-parto imediato. A maioria das drogas é compatível com a amamentação, o que parece não influenciar negativamente a prática do aleitamento materno.