Acta Médica Portuguesa (Oct 2021)

A Perturbação do Espetro do Autismo na Primeira Infância: O Modelo do Centro de Estudos do Bebé e da Criança de Avaliação Diagnóstica e Intervenção Terapêutica

  • Cristina Martins Halpern,
  • Pedro Caldeira da Silva,
  • Diana Costa,
  • Maria João Nascimento,
  • Joana Mesquita Reis,
  • Maria Teresa Martins,
  • Berta Pinto Ferreira,
  • Isabel Santos,
  • Lília Carvalho,
  • Madalena Paiva Gomes,
  • Manuela Martins,
  • Maria João Pimentel,
  • Patrícia Lopes,
  • Paula Silva,
  • Rita Rapazote,
  • Sílvia Catarino,
  • Susana Aires Pereira,
  • Susana Pereira,
  • Sílvia Afonso

DOI
https://doi.org/10.20344/amp.13397
Journal volume & issue
Vol. 34, no. 10

Abstract

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Introdução: O Centro de Estudos do Bebé e da Criança do Hospital Dona Estefânia desenvolveu um modelo multidisciplinar de atuação na suspeita de perturbação do espetro do autismo na primeira infância, aplicando a recente norma da Direção Geral da Saúde. Pretende-se descrever a sua apresentação e casuística. Material e Métodos: Estudo retrospetivo descritivo da série de crianças(< 3 anos), observadas por suspeita de perturbação do espetro do autismo, entre janeiro de 2018 e setembro de 2019, segundo este modelo e a classificação DC:0-5TM. Resultados: Foram observadas 178 crianças. A idade média da primeira consulta foi de 27 meses. Do total de crianças observadas, 116 concluíram as sessões diagnósticas (diagnóstico eixo I): perturbação do espetro do autismo/ perturbação do espetro do autismo atípica precoce (36%), perturbação do desenvolvimento da linguagem (18%), outros(19%). Em 26% dos casos, o quadro foi atribuído a fatores classificados em outros eixos. Discussão: O diagnóstico de perturbação do espetro do autismo foi colocado em 36%, demonstrando o desafio diagnóstico das perturbações do neurodesenvolvimento na primeira infância. A casuística demonstra ainda que as características da relação com o cuidador (eixo II), a presença de condições físicas (eixo III), fatores de stress psicossociais (eixo IV) e a trajetória de desenvolvimento (eixo V) têm um impacto clínico significativo. É desejável a antecipação da idade de sinalização pelo impacto no prognóstico. Conclusão: Este modelo é pioneiro em Portugal ao propor uma atuação conjunta de duas especialidades na primeira infância: pedopsiquiatria e neuropediatria/pediatria desenvolvimento. Este modelo de atuação melhora a acuidade diagnóstica e permite a intervenção terapêutica precoce.

Keywords