Cadernos de Estudos Lingüísticos (Nov 2021)

Shoah, de Claude Lanzmann

  • Fábio Ávila Arcanjo

DOI
https://doi.org/10.20396/cel.v63i00.8665158
Journal volume & issue
Vol. 63, no. 00

Abstract

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Este artigo objetiva mobilizar algumas categorias importantes para analisar o documentário Shoah, dirigido por Claude Lanzmann e lançado nos cinemas em 1985. A estruturação do filme se dá por meio das interações realizadas entre o documentarista e os atores sociais, que integram a relação tripartite – vítimas, perpetradores e testemunhas oculares – discutida pelo historiador americano Raul Hilberg. Embora o filme convoque entrevistados que participam das três categorias, nosso artigo privilegiará aqueles que pertencem à condição de vítimas. O que iremos observar é a relação existente entre a enunciação fílmica pautada pela rememoração do trauma, junto às categorias da melancolia e do luto. Discutiremos se os sobreviventes dos campos de extermínio, que participam do documentário, podem ser pensados como sujeitos melancólicos, acionando uma categoria subjetiva trabalhada por Giorgio Agamben (2008), a saber, o muçulmano. Além disso, problematizaremos o equacionamento existente entre o trabalho de luto e a perlaboração do passado, tomando como ponto de partida o acionamento do dever de transmissão dos retornantes.

Keywords