Hematology, Transfusion and Cell Therapy (Oct 2024)

LINFOMA T AGRESSIVO EM PACIENTE PREVIAMENTE TRATADO PARA LINFOMA DE HODGKIN- UM RELATO DE CASO

  • LB Vinhal,
  • GDC Veloso,
  • JFCCD Anjos,
  • RA Mota,
  • SEBJ Neves

Journal volume & issue
Vol. 46
p. S247

Abstract

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Objetivo: Relatar caso de Linfoma T agressivo diagnosticado em paciente acompanhado pós-tratamento para Linfoma de Hodgkin (LH). Material e métodos: Os dados foram obtidos através de análise de prontuário e revisão da literatura. Relato de caso: Paciente de 46 anos, masculino, previamente hígido, evoluiu com quadro de perda ponderal estimada em 10kg por 3 meses, astenia, sudorese profusa e adenomegalias palpáveis em cadeias inguinais. PET CT realizado em 09/2022 evidenciou linfonodomegalias hipermetabólicas supra e infradiafragmáticas, infiltração esplênica, pulmonar e óssea, Deauville 5. Biopsia linfonodal descreveu presença de células de Reed-Stemberg e imunohistoquímica confirmou diagnóstico de Linfoma de Hodgkin clássico, subtipo esclerose nodular (CD15+ CD30+ CD20- CD3-). Realizou 6 ciclos de ABVD com resposta metabólica completa demonstrada por PET CT feito ao final do tratamento. Cerca de 15 meses após término de quimioterapia, surgimento de extensa lesão cutânea maleolar esquerda ulcerada, inicialmente biopsiada com diagnóstico de Leishmaniose Tegumentar Americana. Após 3 linhas de tratamentos sem sucesso, novamente indicada biopsia de lesão cutânea, com descrição de neoplasia de células grandes e pleomórficas. Imunohistoquímica com positividade apenas para CD3 e BCL2. Negativo para CD4, CD8, CD20, CD10, ALK1. Ki67 80%. Achados compatíveis com Linfoma de célula T, agressivo, SOE. Novo PET CT demonstrou focos hipermetabólicos em cadeias inguinais à esquerda associados a espessamento cutâneo hipermetabólico em maléolo esquerdo, Deauville 5. Iniciado protoloco quimioterápico de resgate com IGEV (já atingida dose máxima acumulada de antraciclinas) e proposta de consolidação com Transplante autológo de medula óssea. Discussão: Linfomas de células T periféricos constituem um grupo heterogêneo de neoplasias hematológicas, geralmente agressivas, que compõe menos de 15% dos Linfomas não Hodgkin do adulto. Possuem acometimento predominantemente nodal, sendo a pele e o trato gastrointestinal os locais mais comuns de doença extranodal. A imunossupressão secundária a tratamentos quimioterápicos é um dos fatores de riscos implicados no aparecimento da patologia, com aumento do risco de linfoma não-Hodgkin em até 20 vezes após o tratamento para LH. Ambas doenças apresentam-se com células malignas envoltas por uma intensa população celular inflamatória heterogênea não neoplásica, e, apesar de possuírem fatores de risco semelhantes como a associação com infecção pelo vírus Epstein-Barr, exposição à radiação e fatores dietéticos, não existem estudos que diferenciem a associação entre as doenças pelo mecanismo fisiopatológico comum ou em consequência da aquisição de anormalidades genéticas específicas que o tratamento do LH pode ocasionar nos genes responsáveis pela regulação do sistema imune. Conclusão: O efeito imunomodulador do tratamento do LH e as alterações citogenéticas e imunológicas da oncogênese podem influenciar o surgimento de uma nova neoplasia linfoide primária após tratamento quimioterápico.